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15/04/2010 00:00:00

Municípios

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com tudonahora //

Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra bloquearam a BR 316, na tarde desta quinta-feira, nas proximidades do município de Atalaia. O protesto durou pouco mais de de uma hora e a rodovia já foi desbloqueada.

Os manifestantes já tinham ocupado a prefeitura da cidade no início da manhã. Os integrantes do movimento pediam a presença do prefeito da cidade, Francisco Luiz de Albuquerque (PTB), conhecido como Chico Vigário, para negociar a permanência nas terras das fazendas ocupadas pelas famílias. O prefeito aceitou se reunir com os manifestantes, com a condição de liberar a prefeitura.

A situação foi agravada pelo posicionamento do vice-prefeito de Atalaia, Élvio Brasil, de despejar as famílias que ocupam as fazendas do município. No início da tarde a rodovia foi interditada em manifesto. Viaturas da Polícia Rodviária Federal foram acionadas para conter os manifestantes.

O prefeito de Atalaia participou pela manhã de uma reunião na Associação dos Municípios (AMA), e está a caminho de Atalaia para tentar negociar com os militantes a saída da prefeitura e a liberação da rodovia. O MST ocupou as prefeituras dos municípios de Atalaia, Girau do Ponciano, Delmiro Gouveia e Inhapi.

As ocupações fazem parte de uma pauta de reivindicações que acontecem em todo o país, na Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, conhecido como Abril Vermelho, além de questões sociais, como a oferta de vagas em escolas e instalação de postos de saúde próximos aos assentamentos.

Trabalhadores rurais ligados ao Movimento Sem Terra invadiram, nesta manhã, cinco sedes de prefeituras do interior de Alagoas. A ocupação acontece em Atalaia, Girau do Ponciano, Olho d'Água do Casado, Delmiro Gouveia e Inhapi.

Em Olho d'Água do Casado, a ocupação é feita por 110 famílias, segundo a assessoria do MST. O prefeito, Gualberto Pereira, está em Maceió, para participar de uma reunião na sede da Associação dos Municípios Alagoanos, sobre as ações da Defesa Civil contra estragos causados pelas chuvas.

"Fui surpreendido com essa invasão. O pessoal está lá comigo, no dia-a-dia e a gente tem contato diário. Mas hoje, quando vim para a reunião, eles decidiram invadira a prefeitura. Disseram que só vão sair quando eu chegar e ainda vão quebrar tudo", contou o prefeito.

Segundo o prefeito, depois da reunião, ele deve retornar ao município, para conversar com os trabalhadores rurais e tomar as providências sobre a ocupação.

Segundo a assessoria do MST, as ações estão afinadas com as manifestações que acontecem este mês em todo o país na Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, mais conhecido como Abril Vermelho.

O dia 17 de abril foi instituído por decreto do ex-presidente Fernando Henrique como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, em memória aos 19 agricultores assassinados em 1997 no município de Eldorado dos Carajás, durante uma manifestação. O episódio foi mundialmente conhecido e representa o maior massacre de trabalhadores rurais pelo poder público da história recente no Brasil.

Outros municípios

A invasão e ocupação também é feita em Atalaia, Girau do Ponciano, Delmiro Gouveia e Inhapi. Em Delmiro Gouveia, a ocupação é feita por cerca de 500 agricultores, que aguardam o prefeito, Lula Cabeleira. E em Inhapi, cerca de 150 famílias ainda esperam uma posição da prefeitura para negociação.

O prefeito de Atalaia, conhecido como Chico Vigário, também está participando da reunião na sede da AMA e soube agora há pouco da invasão. Segundo a assessoria do MST, os trabalhadores rurais fizeram uma marcha até o Fórum de Justiça da Cidade, pressionando as autoridades contra a criminalização das lutas sociais, particularmente, na resolução do assassinato de Jaelson Melquíades, morto em novembro de 2005.

Agora, os manifestantes estão na sede da Prefeitura e protestam contra a atuação do vice-prefeito, Élvio Brasil, que teria se mobilizado pelo despejo imediato de famílias que ocupam fazendas no município.

E em Girau do Ponciano, cerca de 350 famílias de agricultores aguardam, no interior da prefeitura, para negociar a pauta de reivindicações.

Reivindicações

Em todas as prefeituras, o MST apresenta uma pauta local de reivindicações que passa pelas questões estruturais e sociais, como a oferta de vagas em escolas de nível básico e a instalação de postos de saúde em áreas próximas a assentamentos.

"A realidade de um assentado em Inhapi, no alto sertão alagoano, por exemplo, quando busca serviços de saúde é precária, pois não há unidades de saúde próximo às áreas oficializadas pelo Incra. Também as equipes do Programa de Saúde da Família não chegam nos locais mais remotos, mesmo em pleno Agreste, como é o caso das famílias desassistidas em Girau do Ponciano. Ainda na pauta de reivindicações está a pavimentação e estruturação das estradas que dão acesso aos assentamentos", diz a assessoria do movimento.