O desenvolvimento do Ensino Médio Integral (EMI) no Brasil mostra sinais de crescimento, especialmente em Alagoas, que se posiciona como um dos estados mais destacados nesta iniciativa. Dados recentes da organização Todos Pela Educação revelam que o número de estudantes matriculados nesta modalidade nas redes estaduais saltou de 1,3 milhão em 2016 para mais de três milhões em 2024, resultando em uma ampliação superior a 200%.
As regiões do Nordeste têm liderado esse avanço, com seis estados apresentando percentuais de matrícula acima da média nacional de 22%. São eles: Pernambuco, Ceará, Piauí, Paraíba, Sergipe e Alagoas. Uma análise publicada no Valor Econômico em 30 de setembro reforça que o sucesso desses estados decorre de planejamento estratégico e de uma política pública comprometida, fatores que elevam os índices de aprendizagem na região.
O Nordeste é referência nacional na expansão do EMI, que consiste em manter os estudantes na escola por pelo menos 35 horas semanais. Entre os estados que superam a média nacional, apenas Espírito Santo, São Paulo e Amapá não fazem parte da região Nordeste.
No ranking nacional, Alagoas ocupa a sétima posição, com um índice de adesão de 29%, equivalente a 28.342 estudantes matriculados na modalidade. Em comparação, São Paulo registra 24%, Minas Gerais 15%, Rio de Janeiro 14% e Rio Grande do Sul apenas 6% dos alunos da rede pública no Ensino Médio em tempo integral.
Dados da Superintendência da Rede Estadual de Ensino de Alagoas indicam que o crescimento do EMI tem sido acelerado. Desde 2020, o número de matrículas nesta modalidade dobrou. Atualmente, 45% das escolas estaduais oferecem o Ensino Médio Integral, o que corresponde a 112 unidades de ensino, com previsão de incremento de até 10% até 2026.
Segundo a secretária de Educação de Alagoas, Roseane Vasconcelos, os investimentos em ensino integral vêm sendo constantes desde 2015, garantindo uma expansão sustentada na rede estadual.
O modelo de ensino integral, destacado pelo Valor Econômico, é considerado uma proposta pedagógica inovadora que promove uma abordagem holística ao estudante, preparando-o para diferentes trajetórias, seja o ensino superior, a formação técnica ou o mercado de trabalho. Manoela Miranda, gerente de políticas educacionais do Todos Pela Educação, ressalta que os estados nordestinos não apenas aumentaram a cobertura do EMI, mas também conquistaram avanços sólidos e duradouros, fortalecendo a formação integral dos jovens.
Alagoas se diferencia não só pela instalação do EMI, mas também pelos investimentos complementares na área de suporte à educação. A secretária Roseane Vasconcelos destaca que, desde o início, o governo realizou aportes importantes, como oferecer cinco refeições diárias — do café da manhã ao jantar — para atender às necessidades de vulnerabilidade alimentar da população local. Além disso, as escolas têm recebido melhorias estruturais, incluindo refeitórios e cozinhas ampliadas, além de atividades como disciplinas eletivas, clubes juvenis, projetos integradores e tutoria, voltados ao desenvolvimento integral do estudante.
O impacto do Ensino Médio em Tempo Integral na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também é notável. Em 2025, Alagoas ficou como o segundo estado brasileiro com maior percentual de estudantes inscritos na prova, com 29.299 alunos, representando 92,84% do total de matriculados nas terceiras séries do ensino médio na rede pública estadual e no Instituto Federal de Alagoas (Ifal). Apenas o Ceará apresentou um índice superior, com 96,87%.
Esse número potencialmente pode ser ainda maior, pois a plataforma do MEC não contabiliza concluintes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na etapa do ensino médio.
Para além das inscrições no Enem, o Governo de Alagoas investe no Programa Alagoano de Ensino Integral (Palei), que visa aprofundar a formação dos estudantes e fomentando o protagonismo juvenil, além de estimular a construção de projetos de vida autônomos e responsáveis. O Palei nasceu da necessidade de ampliar o conhecimento dos alunos e tem mostrado resultados promissores: estudos indicam que estudantes de escolas de tempo integral aprendem, em média, 40% mais do que aqueles em escolas de tempo parcial.
O secretário de Educação do Estado afirma que o ensino integral representa uma oportunidade de crescimento para a educação local, destacando que sua própria experiência na implantação do modelo desde 2016 reforçou a importância de uma proposta pedagógica que valorize o estudante como um sujeito completo, capaz de desenvolver autonomia, protagonismo e planos de vida.
Além das disciplinas tradicionais, os estudantes do EMI acessam estudos orientados, atividades extracurriculares, clubes juvenis e projetos integradores, atividades que ampliam horizontes e fortalecem vínculos sociais. Artur Ferreira, superintendente da rede estadual, ressalta que tudo isso transforma a rotina escolar em uma experiência de formação completa, preparando os jovens para o futuro com mais oportunidades e propósito.
O Palei foi destaque na Mostra Nacional de Experiências Inspiradoras de Gestão e Projetos Pedagógicos de Educação Integral, realizada em Belo Horizonte. O evento contou com a participação de Erivaldo Valério, gerente de Fortalecimento da Educação em Tempo Integral, que ressaltou a consolidação do programa na rede estadual.
Ele afirmou que o Programa Alagoano de Ensino Integral, agora consolidado como política de Estado, demonstra que planejamento estratégico, gestão democrática e compromisso territorial são essenciais para a transformação social e a promoção da equidade na educação.
Segundo o gerente da Seduc, esse reconhecimento nacional reforça a convicção de que a escola pública deve ser um espaço de desenvolvimento integral, protagonismo juvenil e esperança. Ele destaca que o sucesso é resultado do esforço conjunto de gestores, professores, estudantes e comunidades que, diariamente, contribuem para a construção de uma educação de qualidade em Alagoas.
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