Impactos do Racismo na Educação Infantil: Como Crianças São Atingidas em Idades Precoce

Dados recentes indicam que aproximadamente 16,7% das crianças entre zero e seis anos já sofreram episódios de preconceito racial em creches e pré-escolas. Uma pesquisa conduzida pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, uma organização dedicada à promoção do desenvolvimento na primeira infância, revela essas estatísticas que evidenciam o impacto do racismo em unidades de educação infantil.

O estudo intitulado Panorama da Primeira Infância: o impacto do racismo, foi realizado pelo Datafolha e divulgado na última segunda-feira, dia 6. A pesquisa contou com a participação de 2.206 indivíduos, incluindo 822 responsáveis por crianças dessa faixa etária, coletando dados em abril de 2025. Entre as experiências de discriminação, destaca-se a história de Maria*, uma mulher negra de pele escura, que relembra episódios ocorridos na infância.

Ela relata que, ainda na escola, ouviu comentários ofensivos como: "Negra exibida, você não sabe o seu lugar". Essas palavras marcaram sua memória, especialmente por parte de uma colega mais velha.

Maria conta que, durante os primeiros anos na escola, sofreu uma agressão verbal por parte de uma colega que dizia que ela não deveria conviver com ela, levando a uma exclusão social que ela interpretou como uma forma de racismo.

Apesar do sofrimento, ela não contou aos adultos na época, por não compreender completamente a situação. A criança lembra que, aos cinco anos, uma colega declarou que ela era exibida na TV, o que, na cabeça dela, foi interpretado como motivo de rejeição, levando-a a crer que o fato de ser modelo a tornava diferente dos demais. Um episódio que reforçou a sensação de estar fora do lugar. Ao perceber a exclusão, Maria foi até a administração da escola, mas não recebeu uma resposta adequada.

Ela relata que, na ocasião, não usou a palavra racismo para descrever a situação, embora sentisse que a sua cor tinha influência na atitude das colegas. Sua compreensão do conceito só se consolidou anos depois. Essas experiências não são isoladas. O estudo mostra que a maioria das agressões ocorre em ambientes de educação infantil, como creches e pré-escolas, demonstrando a urgência de ações educativas e de conscientização para combater o racismo desde o início da vida.

Esses dados reforçam a necessidade de estratégias que promovam a inclusão e o respeito à diversidade nas primeiras fases de formação das crianças, contribuindo para um desenvolvimento mais equitativo e livre de preconceitos.