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31/08/2011 08:34:10

Juiz que prendeu Cavalcante diz não ter medo e dispara: "Não tolero Marginal"

Juiz que prendeu Cavalcante diz não ter medo e dispara:
Dr. Roberto Jeronimo - Juiz de Direito

Com cadaminuto // michelle farias

 

O juiz da 11ª Vara Civil, Jerônimo Roberto Fernandes dos Santos, que foi o responsável pela prisão do ex-coronel Cavalcante, foi o entrevistado do Programa Conversa de Botequim, na noite de ontem (30), apresentado pelo jornalista Plínio Lins.

 

Por ter atuado no combate contra o crime organizado, o magistrado está numa lista dos “marcados”, e por isso, por mais de uma década, precisa andar escoltados por policias armados 24 horas para proteger sua vida.

 

Em janeiro de 1998, Jerônimo Roberto decretou a prisão dos mais temidos nomes da Gangue Fardada, entre eles o líder do grupo,o ex-tenente-coronel Cavalcante. Na mesma época, o juiz expediu mais de 36 mandados de prisão preventiva para membros da polícia militar envolvidos em milícias. Ele atuou também no caso do assassinato de Sílvio Vianna, sendo um juiz decisivo para desmontar uma grande farsa no curso das investigações.

 

O juiz lembrou como foi o mandado de prisão. “Havia muita gente envolvida e eu tinha provas contra os irmãos Cavalcante. Na época fui ameaçado, me ligaram dizendo que se eu mandasse prender os irmãos, eu estaria morto. Eles ameaçaram minha mulher, meu pai, minha mãe. Foram anos de verdadeiro inferno”, lembrou Jerônimo.

 

Jerônimo falou ainda que pessoas como Cavalcante só existiram porque as autoridades permitiram.

 

“Na época algumas pessoas tinham uma carteira, estilo uma carteira de identidade, dizendo que era amigo do coronel Cavalcante. Essa situação só se criou porque quem estava no poder na época permitiu, no caso o então governador Divaldo Suruagy” disse Jerônimo, mostrando ainda que Cavalcante conquistou uma fama de corajoso e temido.

 

Sobre a decisão de justiça em soltar Manoel Cavalcante, o juiz diz que está tudo dentro da Lei. “Ele foi condenado ao regime fechado, cumpriu parte da pena e teve a prisão preventiva decretada. Não tenho medo dele estar solto, só me preocupo de como será a fiscalização do Ministério Público. Eu digo e repito que não tolero marginal”, afirmou.

 

Indagado sobre como foi garantida a sua segurança, Jerônimo fala que no começo foi mais difícil e que por muitos anos teve que andar com colete a prova de balas.

 

“No começo era um pesadelo, tinha que ficar com colete e muitos seguranças, porque não foi só eu quem recebeu ameaças, minha família também. Depois de mais de dez anos, continuo com seguranças, eu pago todos eles, e em determinado lugar eles ficam um pouco mais afastados, mas eu sei que preciso dessa segurança”, frisou Jerônimo.

 

O juiz Jerônimo falou ainda sobre a questão da segurança dos magistrados. “A partir do momento que você se sente ameaçado, você pode pedir segurança. Mas os juízes são responsáveis pelos seus atos, se preferir não ter segurança, ele assina um termo se responsabilizando”, enfatizou Jerônimo, mostrando ainda sua indignação no caso da juíza do Rio de Janeiro.