27/10/2025 18:54:56

Opinião
16/08/2011 08:24:36

Dragagem das lagoas Mundaú e Manguaba

Dragagem das lagoas Mundaú e Manguaba
Deputado Federal João Lyra

Da Redação // deputado federal e empresário joão lyra

 

Vejo com muita apreensão o quadro de penúria das 50 mil famílias de pescadores que tiram o seu sustento das lagoas Mundaú e Manguaba. Mas minha apreensão por si só não basta. É imprescindível a realização, com a máxima urgência, de obras de desassoreamento daquele complexo lagunar, o que não ocorre há mais de duas décadas.

 

Há alguns anos, o trabalho delas rendia diariamente um total aproximado de cinco toneladas de sururu; hoje, o esforço é infrutífero, sendo inexpressiva a quantidade atualmente apanhada. Dessa forma, 200 mil pessoas veem faltar condições financeiras para proverem até mesmo suas necessidades básicas. São palavras de um dos pescadores: “Não faz muito tempo, chegava a tirar de 400 a 500 quilos de sururu por dia. Agora, não ganho um real com a pescaria. Na rede só vêm cascalho e vidro”.

 

Durante o período chuvoso, os pescadores acham apenas mororó e mandí, de pouca aceitação para o consumo. Antes, nas outras estações, eles conseguiam tirar, além do sururu, variadas espécies de peixes, com o que abasteciam todo o polo gastronômico da capital e das demais cidades metropolitanas. A cadeia produtiva da pesca foi quebrada e ocasionou, por consequência, problemas sociais e econômicos que estão afetando a vida de 200 mil homens, mulheres e crianças, contingente estimado em 21% da população de Maceió.

 

Em face disso, concordo inteiramente com a Federação dos Pescadores de Alagoas (Fepeal) e estou convicto de que a realização de obras de dragagem é a única solução para devolver às lagoas Mundaú e Manguaba o seu potencial de produção pesqueira de três décadas atrás. O desassoreamento também traria de volta o orgulho que o povo de nossa cidade nutre por tão rico patrimônio.

 

Em reunião com a Fepeal, ouvi atentamente as reivindicações da entidade e de integrantes do seu corpo associativo. Conheci mais de perto seus problemas, ficando deveras impressionado com a desesperança que havia tomado conta de todos.

 

Logo comecei a trabalhar para reverter o que chamei de “quadro de penúria”. E a oportunidade surgiu no encontro que mantive com o ministro Luiz Sérgio (Pesca e Aquicultura), em Brasília, a quem expus o cenário de problemas enfrentado pela comunidade diretamente ligada às lagoas, de onde, até pouco tempo, retiravam o sustento de suas famílias. Solicitei ao ministro, que também é deputado federal, o seu empenho na liberação do Seguro Desemprego no período Defeso, que foi extremamente receptivo ao pleito. Além disso, reivindiquei ao ministro Luiz Sérgio determinar agilidade na liberação de recursos do PAC para projetos de saneamento das cidades situadas nos Vales do Paraíba e do Mundaú, das quais toneladas diárias de dejetos não tratados são despejadas no citado complexo lagunar.

 

Esta semana, e com o mesmo objetivo, pretendo me encontrar com o ministro Carlos Lupi (Trabalho e Emprego), mostrando-lhe a urgente necessidade da liberação de recursos orçamentários destinados à imediata dragagem do complexo lagunar. Não tenho dúvidas de que, em futuro próximo, teremos muito a comemorar.

 

Esses pleitos foram oficialmente encaminhados a ambos os ministros, e deles espero a adoção de medidas vitais para a recuperação econômica da área, que sempre foi motivo de encantamento e atenção por parte dos que nos visitam.

 

Complementarmente, empenho-me, junto ao prefeito de Maceió, pela recriação do programa Gari-Pescador, medida temporária até que se restabeleçam as condições de trabalho para a população cadastrada na Fepeal, prejudicada pela redução da atividade pesqueira das lagoas.

Como parlamentar, não cruzarei os braços frente à tão grave situação.

 

Disso, ninguém tenha dúvida.

 

Sobre o autor:

 

João Lyra é deputado federal e membro da Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania e também membro da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados