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Economia
28/07/2011 09:02:08

Couro de jacarés de Alagoas está em carros da Ferrari

Couro de jacarés de Alagoas está em carros da Ferrari
Divulgação

Com agêncialagoas // diego barros

 

O criatório de jacarés Mister Cayman, localizado no bairro de Fernão Velho, em Maceió, já forneceu couro para carros da Ferrari produzidos para a Série Prata, em 2003, em comemoração aos 75 anos da montadora italiana. Por esse motivo, é possível encontrar veículos de luxo da empresa em todo o mundo, inclusive no Brasil, no estado de São Paulo, cujos bancos são forrados com couro de jacarés produzidos em Alagoas.

 

Agora, o criatório possui um abatedouro próprio, que segue todas as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal). A unidade foi inaugurada nesta quarta-feira (27) e tem capacidade para abater até 200 animais por dia, mas vai iniciar sua operação com 200 animais por mês.
 
Segundo a proprietária do empreendimento, Cristina Ruffo, que está na atividade desde 1994 e iniciou a criação de jacarés por acaso, o couro também é vendido para donos de veículos particulares e até de motocicletas. “Participamos de feiras, exposições, apresentamos nosso trabalho e sempre fazemos negócios”, informou Cristina Ruffo.
 
O couro de jacaré alagoano também é item de exportação e já é vendido para Inglaterra e Itália, na Europa, e para Dubai, na Ásia. O beneficiamento do material é feito por um curtume da Universidade de Campina Grande, na Paraíba, e volta a Alagoas. Daqui, as peles são enviadas para o exterior e também para a indústria do setor de couro, em Maceió, que produz bolsas, cintos e brindes corporativos.
 
Maior criatório da América Latina
 
De acordo com Cristina Ruffo, a criação de jacarés começou no sítio da família após três animais aparecerem numa rede de pesca, há 17 anos. A partir daí, foi identificada a espécie como sendo “jacaré de papo amarelo”, que estava ameaçada de extinção, e o Ibama concedeu a licença para o criatório.
 
“Aquelas foram as primeiras matrizes. Depois disso, recebemos o registro comercial e, em 2010, nos tornamos o maior criatório da América Latina, com 12 mil animais. Também tivemos um reconhecimento por termos ajudado a retirar o animal da lista de espécies ameaçadas de extinção”, revelou, orgulhosa, Cristina Ruffo.
 
“O governo do Estado está à disposição para apoiar os pequenos negócios. O governador Teotonio Vilela acredita nas pessoas empreendedoras e aqui é o ponto de partida para um segmento que ainda é novo na economia alagoana, mas que tem muito a colaborar, muito para crescer”, afirmou o secretário de Estado Adjunto da Agricultura, José Marinho, que participou da inauguração do abatedouro.
 
A carne beneficiada no abatedouro, chamado de Mister Krocco, vai atender restaurantes de Maceió e de Penedo, onde foi criado o Roteiro Turístico do Jacaré e já existe a tradição em oferecer carne do animal no cardápio.
 
Indústria quer diversificar a produção
 
Segundo Maria Parisotto, empreendedora da Indústria Parisotto, localizada em Maceió e que trabalha com peles de jacaré, o mercado local ainda é pequeno, mas tem potencial para crescer.
 
Ela explicou que as peças elaboradas artesanalmente, como bolsas e brindes solicitados por empresas, são vendidas para fora de Alagoas, mas o potencial do Estado já está impulsionando a criação de um curso de capacitação em Maceió para formação de mão de obra.
 
“Por meio do Sindicato de Bolsas e Calçados de Alagoas (Sinduscal), estamos planejando criar um curso de capacitação, pois quem trabalha com pele de jacaré não opera máquinas, faz um trabalho manual. A partir dessa capacitação, queremos iniciar a produção de calçados com pele de jacaré”, narrou Parisotto. Ela explicou também que a unidade instalada em Maceió emprega diretamente 20 profissionais e tem mais 30 terceirizados.
 
“Esse segmento produtivo já está representando Alagoas muito bem, por isso precisa ser valorizado. Assim, com mais procura pelo produto, com aumento da demanda, a oferta vai aumentar, mas para isso vai ter que aumentar também a mão de obra empregada”, comentou o secretário de Estado Adjunto da Agricultura, José Marinho.