23/10/2025 15:17:30

Política
21/06/2011 09:13:45

Ex-governador quebra silêncio, fala das Letras e do abandono da vida política

Ex-governador quebra silêncio, fala das Letras e do abandono da vida política
Divaldo Suruagy

Com cadaminuto // teresa cristina

 

Afastado da Política desde 2001, quando assumiu a suplência do deputado federal Albérico Cordeiro, o ex-governador Divaldo Suruagy concedeu entrevista ao CadaMinuto. Suruagy falou sobre a época em que foi governador e relembrou o 17 de julho de 1997.

 

Indagado sobre semelhanças entre o seu governo e o de Teotonio Vilela Filho, Suruagy afirmou não ver situações parecidas entre as duas gestões. Sobre a volta à política, o ex-governador afirmou que não pensa em voltar à vida pública.

 

CadaMinuto Desde 1997, quando o senhor pediu afastamento do governo, o senhor não mais voltou à vida política. A que o senhor se dedicou nesse tempo?


Divaldo Suruagy - É conveniente ressaltar, que voltei à vida política em 2001, quando assumi o mandato de Deputado Federal, na suplência do Deputado Albérico Cordeiro. Na oportunidade, ocupei, na Câmara dos Deputados os cargos de Vice-Presidente da Comissão de Economia, Indústria e Comércio (1979); Vice-Liderança da Bancada do Partido Democrático Social – PDS (1980/1982); Liderança do Partido Social Trabalhista – (2001); Titular da Comissão de Orçamento – (2001/2002); Titular da Comissão de Economia, Turismo, Indústria e Comércio – (2001); Titular da Comissão de Finanças – (2002); e a Presidência da Frente Parlamentar Municipalista – (2001/2002)

 

CadaMinuto - Que lembranças o senhor tem do dia 17 de julho de 1997?


Divaldo Suruagy - As eleições, em 1994, não tiveram características de disputa, mas, sim, de uma verdadeira consagração. Embora concorresse com dois engenheiros e uma médica, todos de reconhecida competência profissional, sendo um deles candidato do Governador Geraldo Bulhões, e, o outro, do Prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, eles não possuíam densidade eleitoral para nos enfrentar.

Os efeitos negativos, de natureza econômica já se faziam sentir com muita agudeza sobre a realidade alagoana. Deixara, há nove anos, a folha de pessoal, com pouco mais de quarenta mil funcionários e a encontrava com mais de setenta mil.

O professorado estadual, com o menor salário do país, se encontrava em greve há vários anos. O alunado da rede pública havia perdido o período letivo, por três anos seguidos. As unidades de urgência e emergência, na área de saúde, se encontravam em greve, há mais de oito meses.


A justiça estadual havia decretado paralisação de suas atividades e determinado prisões, pelo não-cumprimento das sentenças, para vários Secretários de Estado e Diretores dos órgãos da administração direta e indireta do governo.

A máquina administrativa estava praticamente paralisada. Quando esse quadro era comparado com o período em que eu havia governado Alagoas, fase em que bati todos os recordes em pavimentação de rodovias, construção de escolas e de unidades de saúde, realizações de concurso e construção de casas populares, eu levava nítida vantagem.

CadaMinutoO protesto dos servidores foi decisivo para o senhor se afastar do cargo de governador?


Divaldo Suruagy - De maneira nenhuma. Eu já havia assumido um compromisso, com o Governador Manoel Gomes de Barros, que lhe transferiria o cargo em 02 de janeiro de 2002. Não o fiz, porque não tinha ainda conseguido sanear os pagamentos dos funcionários.

 

CadaMinuto O governador Teotonio Vilela passou por um período turbulento, com diversas categorias em greve. Que semelhanças o senhor vê do atual momento com o ano de 1997 e o que governador tem que fazer para não entrar em conflito com o funcionalismo público?

Divaldo Suruagy - Não existe nenhuma semelhança. O Governador Teotônio Vilela está com apenas poucos dias de atraso, e, o importante, é que está pagando a folha, religiosamente, a cada 30 dias.

 

CadaMinuto O senhor acredita que há ligação entre servidores e grupos políticos? Quando o senhor era governador já existia essa situação?


Divaldo Suruagy - Como eu já expliquei, o que está ainda faltando é atualizar o pagamento.

CadaMinuto Como o senhor analisa a política de Alagoas, de 1997 até agora?

Divaldo Suruagy - A colocação de um volume de recursos, recrutados por Letras do Tesouro, permitiu que não existisse esse atraso.

 

CadaMinutoAlagoas é melhor ou pior, atualmente?

Divaldo Suruagy - A captação desses recursos ajudou, em muito, a manter uma certa estabilidade na folha de pagamento.

 

CadaMinutoAlagoas está sendo destaque nacional devido ao alto índice de criminalidade. Que medidas o governo poderia tomar para reduzir esses números?


Divaldo Suruagy - O Governador Teotônio Vilela está fazendo o impossível para evitar esses conflitos econômicos. Quanto à criminalidade, apesar de ser altamente nociva aos quadros sociais mais significativos de Alagoas, esses índices de mortalidade estão ligados ao estágio social do quarto extrato da sociedade alagoana.

 

CadaMinuto Em relação às “Letras do Estado”, muitos atribuem a responsabilidade ao senhor. Dizem que o senhor foi enganado pelo secretário da Fazenda, à época, José Pereira. Isso é verdade?

Divaldo Suruagy - Tudo isso é fantasia. A responsabilidade é de uma conjuntura econômica que eu já encontrei em meus dois primeiros governos. Eu pagava aos funcionários, religiosamente em dia. Me dava ao luxo de anunciar, através de um calendário, o pagamento de cada mês, e sempre foi concretizado.

 

CadaMinuto O senhor tem vontade de voltar à vida política? Tem recebido convite?

Divaldo Suruagy - Se convite há, prefiro ignorá-los, política, para mim, é só para ajudar alguns amigos, por quem tenho respeito e admiração.