Com cadaminuto // teresa cristina
Afastado da Política desde 2001, quando assumiu a suplência do deputado federal Albérico Cordeiro, o ex-governador Divaldo Suruagy concedeu entrevista ao CadaMinuto. Suruagy falou sobre a época em que foi governador e relembrou o 17 de julho de 1997.
Indagado sobre semelhanças entre o seu governo e o de Teotonio Vilela Filho, Suruagy afirmou não ver situações parecidas entre as duas gestões. Sobre a volta à política, o ex-governador afirmou que não pensa em voltar à vida pública.
CadaMinuto – Desde 1997, quando o senhor pediu afastamento do governo, o senhor não mais voltou à vida política. A que o senhor se dedicou nesse tempo?
Divaldo Suruagy - É conveniente ressaltar, que voltei à vida política em 2001, quando assumi o mandato de Deputado Federal, na suplência do Deputado Albérico Cordeiro. Na oportunidade, ocupei, na Câmara dos Deputados os cargos de Vice-Presidente da Comissão de Economia, Indústria e Comércio (1979); Vice-Liderança da Bancada do Partido Democrático Social – PDS (1980/1982); Liderança do Partido Social Trabalhista – (2001); Titular da Comissão de Orçamento – (2001/2002); Titular da Comissão de Economia, Turismo, Indústria e Comércio – (2001); Titular da Comissão de Finanças – (2002); e a Presidência da Frente Parlamentar Municipalista – (2001/2002)
CadaMinuto - Que lembranças o senhor tem do dia 17 de julho de 1997?
Divaldo Suruagy - As eleições, em 1994, não tiveram características de disputa, mas, sim, de uma verdadeira consagração. Embora concorresse com dois engenheiros e uma médica, todos de reconhecida competência profissional, sendo um deles candidato do Governador Geraldo Bulhões, e, o outro, do Prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, eles não possuíam densidade eleitoral para nos enfrentar.
Os efeitos negativos, de natureza econômica já se faziam sentir com muita agudeza sobre a realidade alagoana. Deixara, há nove anos, a folha de pessoal, com pouco mais de quarenta mil funcionários e a encontrava com mais de setenta mil.
O professorado estadual, com o menor salário do país, se encontrava em greve há vários anos. O alunado da rede pública havia perdido o período letivo, por três anos seguidos. As unidades de urgência e emergência, na área de saúde, se encontravam em greve, há mais de oito meses.
A justiça estadual havia decretado paralisação de suas atividades e determinado prisões, pelo não-cumprimento das sentenças, para vários Secretários de Estado e Diretores dos órgãos da administração direta e indireta do governo.
A máquina administrativa estava praticamente paralisada. Quando esse quadro era comparado com o período em que eu havia governado Alagoas, fase em que bati todos os recordes em pavimentação de rodovias, construção de escolas e de unidades de saúde, realizações de concurso e construção de casas populares, eu levava nítida vantagem.
CadaMinuto – O protesto dos servidores foi decisivo para o senhor se afastar do cargo de governador?
Divaldo Suruagy - De maneira nenhuma. Eu já havia assumido um compromisso, com o Governador Manoel Gomes de Barros, que lhe transferiria o cargo em 02 de janeiro de 2002. Não o fiz, porque não tinha ainda conseguido sanear os pagamentos dos funcionários.
CadaMinuto – O governador Teotonio Vilela passou por um período turbulento, com diversas categorias em greve. Que semelhanças o senhor vê do atual momento com o ano de 1997 e o que governador tem que fazer para não entrar em conflito com o funcionalismo público?
Divaldo Suruagy - Não existe nenhuma semelhança. O Governador Teotônio Vilela está com apenas poucos dias de atraso, e, o importante, é que está pagando a folha, religiosamente, a cada 30 dias.
CadaMinuto – O senhor acredita que há ligação entre servidores e grupos políticos? Quando o senhor era governador já existia essa situação?
Divaldo Suruagy - Como eu já expliquei, o que está ainda faltando é atualizar o pagamento.
CadaMinuto – Como o senhor analisa a política de Alagoas, de 1997 até agora?
Divaldo Suruagy - A colocação de um volume de recursos, recrutados por Letras do Tesouro, permitiu que não existisse esse atraso.
CadaMinuto – Alagoas é melhor ou pior, atualmente?
Divaldo Suruagy - A captação desses recursos ajudou, em muito, a manter uma certa estabilidade na folha de pagamento.
CadaMinuto –Alagoas está sendo destaque nacional devido ao alto índice de criminalidade. Que medidas o governo poderia tomar para reduzir esses números?
Divaldo Suruagy - O Governador Teotônio Vilela está fazendo o impossível para evitar esses conflitos econômicos. Quanto à criminalidade, apesar de ser altamente nociva aos quadros sociais mais significativos de Alagoas, esses índices de mortalidade estão ligados ao estágio social do quarto extrato da sociedade alagoana.
CadaMinuto – Em relação às “Letras do Estado”, muitos atribuem a responsabilidade ao senhor. Dizem que o senhor foi enganado pelo secretário da Fazenda, à época, José Pereira. Isso é verdade?
Divaldo Suruagy - Tudo isso é fantasia. A responsabilidade é de uma conjuntura econômica que eu já encontrei em meus dois primeiros governos. Eu pagava aos funcionários, religiosamente em dia. Me dava ao luxo de anunciar, através de um calendário, o pagamento de cada mês, e sempre foi concretizado.
CadaMinuto – O senhor tem vontade de voltar à vida política? Tem recebido convite?
Divaldo Suruagy - Se convite há, prefiro ignorá-los, política, para mim, é só para ajudar alguns amigos, por quem tenho respeito e admiração.