Com tudonahora // carlos madeiro e plinio lins
Líder alagoana em taxa de homicídios, o município de Pilar, na região metropolitana de Maceió, tem como maior desafio conter o avanço do crack, que está causando um verdadeiro extermínio dos jovens. Segundo o Ministério Público (MP), apesar de ter 33 mil habitantes, uma média de dois jovens são assassinados por semana na cidade. A maior culpada é a falta de estrutura para combater o crime.
Prova disso é que 3.000 processos estão tramitando no MP. A delegacia da cidade funciona apenas em horário comercial e fecha aos fins de senana. Já o número de policiais militares também é reduzido e, até o início da semana, era de apenas oito homens.
Segundo dados do Ministério da Justiça, Pilar tem a quinta maior taxa de homicídios do país, com média anual de 110 mortes para cada 100 mil habitantes. No país, essa média é de 25 para cada 100 mil, enquanto Alagoas registrou pouco mais de 60 por cada 100 mil.
Nesta sexta-feira (3), uma operação das polícias civil e militar e da Força Nacional de Segurança prendeu seis pessoas e cumpriu 30 mandados de busca e apreensão. O objetivo foi desbaratar grupos que atuavam matando, assaltando e vendendo drogas no município.
Avanço do crack
A promotora do município, Dalva Tenório, acredita que o avanço do crack foi decisivo para o crescimento da criminalidade na cidade, que assusta a população. Ela conta que, dos 3.000 processos que estão no MP, 50% são relacionados às drogas. “Pilar está muito violenta. Como a cidade está muito próxima de Maceió, alugam casas na favela do Forno, ou na rua da Paz, e elas servem exclusivamente para venda drogas. Durante a operação desta sexta, os policiais invadiram essas casas, e não tinham nada dentro”, afirmou.
Segundo ela, as mortes de adolescentes e jovens, entre 15 a 25 anos, estão em mais de 90% dos casos ligadas às drogas. “Alguns são aviões [que vendem pequenas quantidade de drogas], outros são usuários. Por conta dessa violência, pelo tráfico de entorpecentes, nós solicitamos a polícia que fizesse um trabalho de investigação”, explicou.
Um dado constatado pela promotora é que cerca de 30 jovens que haviam praticados pequenos atos infracionais, e que eram acompanhados pelo MP, todos foram mortos em um intervalo de quatro anos e meio. “E voltei agora em abril e fiz esse levantamento, para saber como estavam esses jovens que eu acompanhava, e elas haviam sido mortos por traficantes”, ressaltou.
Para resolver o problema, ela cobrou o funcionamento da delegacia da cidade aos fins de semana e aumento de efetivo militar. “Hoje, no fim de semana, uma vítima de assalto, de violência, tem que ir a Maceió. Isso é errado e dificulta muito o trabalho. A PM também precisa mandar policiais”, explicou Dalva.
Reforço militar
Após a operação desta sexta-feira, a Polícia Militar prometeu reforçar o policiamento na cidade. “Já hoje foram mais duas viaturas da Rádio Patrulha, que estão nas ruas de Pilar. Na segunda-feira, mais duas da Radiopatrulha, duas Força Nacional e a cavalaria vão chegar à cidade”, informou o coronel Gilmar Batinga, comandante de policiamento da capital.
O Tudo na Hora tentou contato com o delegado da cidade, Isaias Rodrigues, e com o delegado-geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco, para que eles falassem sobre o funcionamento da delegacia, mas nenhum dos dois atendeu as ligações na tarde e noite desta sexta-feira.