antonio aragão //
Dezenas de desabrigados têm comparecido diariamente a Secretaria de Ação Social de União dos Palmares no centro da cidade em busca de atualizar os cadastros pessoais e familiares para aquisição da casa própria. São pessoas que perderam além de suas residências, seus pertences e documentos na ultima cheia do dia 18 de junho de 2010, a maior parte desempregados ou aposentados, que acreditam na simples doação das novas moradias em local seguro longe dos efeitos das enchentes do Rio Mundaú.
Diversos rumores assaltam a mente destas pessoas cujos semblantes ainda estão marcados pelo sofrimento da perda dos humildes patrimônios, mas que para eles tinha uma significação muito pessoal. Alguns moravam nas ruas atingidas desde que nasceram assim como seus pais, avós e antecessores.
O primeiro rumor é que a Prefeitura faria doação gratuita e imediata dos imóveis; outros se predispõem a pagar uma mensalidade dentro de seus padrões econômicos; alguns afirmam que se for pagar vai chamar os companheiros de infortúnio e invadir as casas – cujo cronograma de construção está em atraso.
Afinal, sobre o assunto, nenhuma autoridade ou interessado afirma nada com convicção. A realidade é que estes desventurados concidadãos estão adquirindo documentos arcando com as despesas já que não existe no município políticas assistenciais aos carentes suficientes e as existentes são limitadas aos recursos federais.
Um popular envolvido na aquisição da casa própria, com nível universitário perguntou a reportagem o andamento dos trabalhos da Comissão sobre o assunto criada pela Assembléia Legislativa. Como não recebeu explição, disse que “aqui em União dos Palmares torna-se visível o descaso para com a nossa terra que não tem sequer uma indústria para absorver a mão de obra de nós, flagelados. Enquanto nossos deputados discutem o assunto em gabinetes com ar refrigerado longe de realidade e embolsam mensalmente 20 mil reais como eles próprios dizem, o povo passa uma humilhação semelhante que vocês estão vendo”.
Com relação à colocação do rapaz, se pode evidenciar que até agora, sobre o assunto, não foi detectada nenhuma ingerência política, mas em compensação, a noticia que vazou dos bastidores no sentido de que as casas somente ficarão prontas no mês de junho de 2012, portanto, três meses antes da eleição municipal, abre uma linha de discussões se não existem interesses políticos por trás dos prazos e no critério de seleção dos pretensos donos dos imóveis.