Com gazetaweb // daniel dabasi e bruno soriano
Parte dos servidores estaduais se mostrou interessada na proposta de reajuste de 7% em única parcela retroativa ao mês de maio apresentada pelo Governo Estadual na tarde desta quarta-feira (1º). Entretanto, algumas categorias afirmam que só aceitariam tal aumento mediante o reajuste de mais 7% em janeiro de 2012 (antes da data-base das categorias), totalizando 14%.
Centenas de funcionários públicos estiveram reunidos na Praça Deodoro, no centro de Maceió, em mais um grande protesto. Com faixas, cartazes e até mesmo um caixão simbolizando o enterro do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), os trabalhadores proferiram palavras de ordem e pediram mais atenção do governo. Fardas de policiais militares foram estendidas num varal para representar a insatisfação da categoria, além do que as mulheres de policiais militares realizaram um panelaço como forma de protesto.
Após percorrerem ruas do centro da capital, manifestantes concentraram-se em frente à sede da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), na Praça Dom Pedro II, onde derrubaram, mais uma vez, a cerca de proteção do prédio. Houve tumulto e bombas atiradas pelos trabalhadores em direção ao portal principal da Assembleia. Eles foram impedidos de entrar na ALE - onde deputados estiveram reunidos nesta tarde - pelos militares que fazem a segurança do local. Não houve feridos.
Agentes penitenciários
De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas, Jarbas Souza, metade da categoria estaria propensa a aceitar o reajuste se estiver assegurado o incremento de 7% em janeiro. “O governo ainda não sinalizou com essa possibilidade. Se o governo incrementar os 14%, aí sim, teríamos algum avanço, apesar de que o problema da Segurança Pública não diz respeito apenas a salário. Há também a questão das condições. O Governo precisa adotar uma verdadeira política salarial, implantando o nosso Plano de Cargos e Carreira (PCC)” – enfatizou.
“Apesar de a proposta interessar parte do movimento, não se sabe se o governo vai chegar até janeiro diante de tamanha rejeição ao governador”, emendou o sindicalista, ao afirmar que se surpreenderia se Executivo acatar o que as categorias propõem, 'já que estamos a falar de um governo que não dialoga, dando-nos recado pela imprensa'.
CUT
Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Izaac Jackson, as categorias querem que o governo apresente a proposta em documento e atenda a outros requisitos. Jackson informou que haverá mais duas reuniões, nas próximas segunda-feira (06) e terça-feira (07), por meio das quais cada categoria decidirá, internamente, se aceita ou não a proposta do Executivo. Na quarta-feira (08), mais uma mobilização está agendada para que, em assembleia geral, o movimento decida se aceita ou não apenas os 7%.
"Ainda estamos a sofrer com o posicionamento do Judiciário, sempre a decreter ilegal as graves do funcionalismo. Enquanto isso, o Governo apresenta projeto de lei para reajustar o salário dos secretários em mais de cem por cento, assim como também fizeram os deputados estaduais", recordou.
Saúde
Já de acordo com o presidente do Sindicato dos Previdenciários (Sindprev), Cícero Lourenço, o movimento grevista da Saúde pede, além dos 7%, que o governo retire o projeto de lei que está tramitando na Assembleia Legislativa de Alagoas e que permite ao Estado a contratação de servidor sem a necessidade de realização de concurso público por 48 meses.
Eles solicitam ainda a criação de mesas setoriais que irão, permanentemente, dialogar a carreira dos servidores, além de pedir a suspensão dos contratos firmados pelo governo e que representariam a privatização da saúde pública. O movimento também refuta a intenção de o Governo recorrer às parcerias Público-Privada (PPPs) para a execução de serviços em diversas áreas.
Além disso, Lourenço enfatizou ainda o pedido para que nenhum servidor seja punido por conta das manifestações. Outro requisito, por fim, é a realização de concurso público imediato e a reposição da inflação com ganho real de salário mediante o aumento da arrecadação do Estado.
Polícia Militar
Já o major PM Fragoso, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de Alagoas (ASSOMAL), disse que, além dos 7%, os policiais militares cobram também a correção do quinquênio. Segundo ele, Vilela prometeu tal correção para abril de 2012. A categoria exige também que o governador assuma o compromisso de não punir os militares que participaram da manifestação.
“A Polícia Militar está parada no tempo. O governo tem que tratar a PM de forma diferenciada. Os militares lotados no quartel geral foram proibidos de saírem para participar da mobilização. Mas isso não nos desanimou. Seguimos firmes na luta, cobrando também o resíduo de sete por cento, fruto de acordo com o governo”, disse.
Na segunda-feira (06), os militares deverão se reunir às 14 horas, na sede da entidade, no Trapiche, para rediscutir as propostas.