Com gazetaweb // bruno soriano
Centenas de manifestantes, confusão, bombas. Este foi o cenário registrado no final da tarde desta terça-feira (10), à porta da Assembleia Legislativa de Alagoas. O protesto acabou por suspender os trabalhos na Casa de Tavares Bastos, com vários deputados deixando o plenário, temendo a invasão em massa dos servidores, revoltados com a notícia de que os deputados derrubaram veto do Governo do Estado ao reajuste, de mais de 100%, para os próprios parlamentares - quando o funcionalismo público recebeu apenas 5.91% de reajuste.
Policiais do Gabinete Militar da Assembleia tiveram de agir rápido para evitar algo pior - até o comandante do Gabinete, coronel Paulo Amorim, dirigiu-se aos portões principais para evitar que os mesmos fossem arrombados. A cerca que separa o estacionamento e a Praça Dom Pedro II foi derrubada e várias bombas atiradas em direção à entrada principal. Os estilhaços de uma delas chegaram a danificar uma janela e por muito pouco não deixou feridos.
Os manifestantes, todos com cartazes contendo críticas ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), ecoavam gritos de guerra, como 'ladrão', pedindo a presença de deputados estaduais à porta da Assembleia. Contudo, apenas dois deles - Judson Cabral (PT) e Ronaldo Medeiros (PT) - criaram coragem para conversar com os servidores.
Alguns servidores da Assembleia chegaram a retirar seus veículos do estacionamento para evitar apedrejamento. Após a ação, que durou cerca de 20 minutos, os manifestantes retomaram caminhada, seguindo em direção à Rua João Pessoa, depois de muitos estampidos também provocados por rojões.
Devido à interrupção repentina da sessão ordinária - aberta com a presença de 21 deputados -, o deputado Dudu Hollanda (PMN) teve de assumir a presidência dos trabalhos para, às 18 horas, conforme previsão regimental, encerrar a sessão diante de um plenário vazio.
O episódio fez muita gente relembrar o 17 de julho de 1997, quando milhares de servidores públicos estaduais se uniram para derrubar o governador Divaldo Suruagy, quando o funcionalismo chegou a passar mais de seis meses sem receber salário, com o Programa de Demissão Voluntária (PDV) liquidando 25 mil postos de trabalho.



