Com informativo pilar // Fonte ascom
O município de Pilar, 36 quilômetros distante de Maceió, reviveu na tarde desta quinta-feira, 28, a última execução por pena de morte no Brasil. O espetáculo, que há 11 anos é realizado na cidade, reuniu centenas de pessoas que foram prestigiar um marco na história nacional. A multidão acompanhou a encenação até o sítio Bonga, local do enforcamento do escravo Francisco, no ano de 1876, 135 anos atrás.
A equipe de atores que participou da apresentação percorreu várias ruas do município, encantando aqueles que aguardavam em cada comunidade. O escravo Francisco foi a última pessoa a ser executada por pena de morte no Brasil. Este e mais dois outros escravos chamados de Vicente e Prudêncio assassinaram naquele ano o Capitão da Guarda Nacional João Evangelista de Lima, no hotel central, e sua Esposa Josepha Marta de Lima (Sítio Bonga).
De acordo com informações da diretoria de Cultura de Pilar, Vicente teria fugido para o Engenho Hortelã, em Marechal Deodoro, e logo depois capturado. Enquanto Francisco e Prudêncio seguiram para o monte pavão, em Pesqueira-PE. Nesta cidade, Prudêncio teria morrido em uma luta com a Polícia, enquanto que, em seguida, Francisco teria sido capturado.
Dois anos após o crime, Francisco e Vicente foram condenados. Ambos teriam feito o “pedido de graça” ao Imperador D. Pedro II, que não se pronunciou quanto ao Escravo Vicente, que obteve a Galé Perpétua, e negando o pedido de Francisco, condenado a morte na forca. Em 28 de abril de 1876 fora executado no Sítio Bonga.
O espetáculo
Antes da encenação foi celebrada uma missa na Igreja Nossa Senhora do Rosário. Após o veredito do juiz foi lida a condenação de Francisco e, então, realizado o cortejo pelas principais ruas de Pilar, até chegarem ao local da execução. O escravo é levado para a forca e cumprido o ritual de enforcamento.
O diretor de Cultura da cidade, Sérgio Moraes, que produziu e dirigiu a encenação, conta que desde o ano de 2008 a data histórica é tida como ponto facultativo no município. O ato foi sancionado pelo atual prefeito, Oziel Barros, em Lei de Nº 408-A, que dá apoio e incentivo ao espetáculo.
Moraes explica que o Projeto de Lei foi uma iniciativa do vereador Luiz Carlos Omena, atual secretário de Educação de Pilar, e aprovado por todos os vereadores que reconheceram a interpretação como uma forma de valorização à tradição local e nacional, além de manter vivo o significado do ritual, ou seja, a extinção da pena de morte no país.