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17/04/2011 00:53:37

Dez meses após a cheia de junho de 2010 o calvário da familia Soares permanece

Dez meses após a cheia de junho de 2010 o calvário da familia Soares permanece
Local do desaparecimento do pai e do filho

Da Redação // Fotos (família) - tv gazeta

O calvário da domestica Maria Aparecida Soares teve inicio em julho de 2010 (um mês após a enchente que destruiu a parte baixa de União dos Palmares ribeirinha do rio Mundaú) quando com suas duas filhas sentiram a economia domestica atingir o fundo do poço

Além da dor do desaparecimento do seu filho Amauri que era representante comercial (revendedor de bebidas) e do seu marido o comerciante conhecido como “Tonho da Ponte”, o dinheiro acabou, estavam sem casa para morar, foram obrigadas a interromper a faculdade da filha mais velha e as necessidades triviais da família foram resumidas drasticamente permanecendo até hoje. Restou só a força espiritual para seguir em frente e sobreviver com dignidade.

Estes fatos são apenas uma pequena demonstração do drama da família Soares que no dia 18 de junho viu o cidadão conhecido como “Tonho da Ponte” subir o telhado da sua modesta mercearia na antiga Rua Demócrito Gracindo (Rua da Ponte) fugindo das águas do rio Mundaú e da tentativa de seu filho em salva-lo. Tudo em vão. Pai e filho desapareceram nas águas barrentas e nunca mais ninguém os viu.

O fato foi presenciado por dezenas de pessoas que de longe gritavam e torciam pela salvação da dupla. Foram encerradas de forma trágica duas vidas; uma no limiar, outra já na terceira idade, que enquanto pôde viveu honestamente como cidadão anônimo, constituiu família e trabalhou incessantemente para realizar o sonho de ver suas filhas formadas, sendo a mais velha, enfermeira. A força da natureza tudo destruiu.

A domestica foi informada que pela legislação brasileira os direitos previdenciários e principalmente o pagamento da pensão aos dependentes dos falecidos em casos desta natureza (ou o reconhecimento da morte) só se concretiza após sete anos. Nada se pode fazer antes diz a Lei, contradizendo centenas de testemunhas que viram desesperados os dois desditados cidadãos sucumbir sob as águas revoltas do rio.

Enquanto isto a viúva com as filhas se restringem aos afazeres domésticos, moram em uma casa por favor, sua filha acadêmica interrompeu os estudos e seus sonhos assim como os da sua irmã foram adiados pela tragédia.

Na prática mais de seis anos separam esta família da conhecida “pensão” do INSS. A perspectiva é que estes seis anos sejam de jejum, a faculdade esperará, e vão se alimentar, vestir e morar de esperança. Esperança alimenta, veste, medica, educa? Onde será que estas duas moças podem trabalhar aqui na região?

Para o povo de União dos Palmares Herói no Brasil foi Tiradentes que era mineiro e Zumbi que era filho natural de Porto Calvo. Para nós miseráveis moradores do Estado mais pobre da Nação, a realidade é outra. O governo ignora situações semelhantes. Somos os bandidos que pagam todos os impostos, mas morrem no fim do filme.

Dona Aparecida: a única coisa que podemos lhes dar neste momento de dor, saudades e aflição é desejar nesta Páscoa que um dia este drama seja recompensado pela alegria da formatura de suas filhas, vocês retornarão a ter um lar próprio e só lhes reste a doce saudade de Amauri e do Tonho da Ponte alentadas espiritualmente com a certeza que eles foram predestinados para após a vida terrena habitar um bom lugar, no Reino do Arquiteto do Universo de onde vão assistir felizes todos os seus problemas serem superados.

Como não provar que os dois não estão mortos?

 

Se perguntar não ofende, será que não existe dentro dos parâmetros da Lei condições do Poder Executivo Municipal estipular uma pensão para esta família, ao menos a titulo de ajuda para a educação das moças?

 


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