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Sem foro privilegiado e declarado foragido da Justiça depois que sua prisão foi decretada pelo envolvimento no assassinato do Cabo Gonçalves, o ex-deputado João Beltrão deverá ter ainda mais problemas com a determinação da reabertura do processo sobre outro crime, desta vez do bancário Dimas Holanda, morto em Maceió no dia 3 de abril de 1997.
Este é um dos 22 processos que estavam parados em virtude do foro privilegiado que possuíam João Beltrão, Cicero Ferro, também foragido e Francisco Tenório, este preso.
O assassinato de Dimas Holanda teria sido cometido após a descoberta que a vítima estava tendo um caso com uma suposta amante do parlamentar, Clécia de Oliveira, ex-miss União dos Palmares (AL).
Beltrão não integrou a lista de denunciados que foi ofertada pela Promotoria de 1º grau, porém na época já haviam indícios do envolvimento do deputado.
A denúncia inicial aponta que os autores materiais Eufrásio Tenório Dantas, “Cutita”, Daniel Luiz da Silva Sobrinho, Paulo Nei, Valdomiro dos Santos Barros, José Carlos Silva Ferreira, o “Ferreirinha” e Valter Dias Santa Filho, o “Valter Doido” foram recrutados pelo deputado estadual para matar o bancário.
Eles teriam usado um veículo de propriedade do parlamentar para executar a vítima em uma rua do Conjunto Santo Eduardo, em Maceió. Fora que todos os envolvidos eram da mais estreita confiança de Beltrão.
Para embasar a denúncia a Procuradoria Geral de Justiça anexou os depoimentos feitos por quatro irmãos da vítima, o coronel da reserva da Polícia Militar Nerecinor Sarmento, o ex-tenente coronel Manoel Cavalcante – que prestou as informações aos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital.
“Irrefragável que as provas testemunhais ao ora denunciado a autoria intelectual do crime, bem como a todos a quem são imputados a perpetração do fato criminoso”, explica a denúncia.
Em abril do ano passado o irmão de Dimas, Jaime Holanda concedeu entrevista ao Cadaminuto e em tom de aflição diz ter tomado conhecimento que durante uma festa, Beltrão confirmou para o juiz Mauricio Breda que teria participação no caso e, de acordo com Holanda, o magistrado na época teria até se colocado a disposição para depor, para não ver o ex-governador Manoel Gomes de Barros, o Mano, ser acusado injustamente pela morte do bancário.
“Esperamos que tudo seja esclarecido, são muitas as pessoas que estão sofrendo com esta situação. Nós vivemos em aflição em busca de justiça e iremos conseguir, para isto é preciso que o TJ para acate as denúncias”, afirmou Jaime Holanda.
Jaime falou ainda a morosidade da justiça. “Sabemos que a justiça é bastante lenta e a cada dia que se passa nossa família fica ainda mais revoltada vendo os acusados livres impunemente, já se passaram 12 anos e ainda esperamos que os responsáveis pela morte de Dimas sejam presos”, finalizou Jaime Holanda no ano passado.