Com cadaminuto // emanuelle oliveira
Entidades LGBT de Alagoas denunciaram a perseguição que seus membros vêm sofrendo por parte de um movimento identificado como Terra de Santa Cruz, que faz parte do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, devido a legalização da união civil entre homossexuais. Integrantes do grupo, considerado fundamentalista, têm feito mobilizações no calçadão do comércio, em Maceió e distribuindo panfletos que acusam os gays de corromper a sociedade e os princípios da família.
O diretor executivo da ONG Pró-Vida, Dino Alves explicou que o ato promovido na última segunda-feira pela entidade junto com a Grupo Gay de Alagoas (GGAL) e outas Ongs para cobrar providências sobre os crimes cometidos contra homossexuais também foi uma reação aos ataques feitos pelo movimento. Ele teme que casos como os registrados em São Paulo, onde vários gays foram agredidos por grupos de jovens, se repitam em Alagoas, afirmando ainda que manifestações preconceituosas incitam a violência.
“Sofremos muito com esse tipo de coisa. Há uma semana eu e um grupo de pessoas estávamos caminhando pelo Centro quando vimos esses fundamentalistas com um mega fone, que apontaram para nós dizendo que os homossexuais estão destruindo a sociedade. Eles estavam recolhendo assinaturas para enviar ao Congresso contra a proposta da união entre pessoas do mesmos sexo, já que Alagoas foi o 3° estado brasileiro a reconhecer isso. Dias depois um gay foi morto, porque isso só incentiva o ódio na sociedade”, contou.
Alves contou que entrou em contato com a Secretaria Estadual da Mulher e dos Direitos Humanos, onde foi incentivado a organizar o ato. “A secretária Kátia Born nos recebeu e deu apoio a causa, mas lembrou que não podemos impedir as ações desse movimento, que também é contra a eutanásia, aborto e inclusive ao Plano Nacional de Direitos Humanos, que benefeciaria as minorias. Só temos registrados os números de assassinatos, mas todos os dias ocorrem agressões contra gays”, afirmou.
Ainda de acordo com ele as pessoas têm confundido a união civil entre homossexuais com o casamento tradicional celebrado pela igreja e por isso, falam coisas que não sabem. “O que vai existir é um contrato civil e não dois homens entrando na igreja e um deles usando vestido de noiva. O problema é que o termo casamento homossexual foi disseminado pela mídia, confundindo as pessoas. A própria Igreja católica, apesar de ter sua opinião formada, não se manifestou nem contra nem a favor”,destacou.
Dino Alves afirmou que mesmo que as pessoas não concordem que os gays tenham os mesmos direitos que os heterossexuais, isso está estabelecido em lei e precisa ser respeitado. O coordenador da Pró-vida informou ainda, que todo mês haverá uma ação para chamar a atenção da sociedade acerca das demandas homossexuais, ressaltando que neste momento todas as entidades têm que se unir pela mesma causa.
“Uma coisa é não aprovar outra é incentivar o ódio e a violência. O movimento Terra de Santa Cruz está recrutando pessoas em vários estados, espalhando a idéia de que os gays são aberrações. Eles têm um site e dinheiro para promover atos contra nós. É muito triste ser desrespeitado, porque a agressão não é somente física e sim, moral. As pessoas têm a idéia do casamento como uma celebração religiosa tradicional e não queremos desconstruir isso e sim, lutar pelos nossos direitos”,ressaltou Dino Alves, lembrando que a homossexualidade deixou de ser vista como doença e que por isso o termo homossexualismo já não é mais usado.