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04/12/2010 22:59:33

Murici: Desabrigados cobram liberação de recursos

Murici: Desabrigados cobram liberação de recursos

Com ojornal-al // láyra santa rosa

Cerca de 20 famílias de Murici que perderam suas casas na enchente do último mês de junho continuam sem ter onde morar e aqueles que conseguiram uma casa, com a promessa do pagamento do aluguel social, estão endividados. Esta semana, um grupo de desalojados voltou a reclamar na porta da Secretaria de Assistência Social do Município a liberação do recurso que seria repassado pelo Governo Federal.

Cheio de incertezas até que as casas do programa da reconstrução fiquem prontas, as famílias temem pelo futuro. “Estou grávida de nove meses e fui expulsa da casa que aluguei por falta de pagamento. Estou endividada, e ainda fui ameaçada pela dona da casa, que disse que iria chamar a polícia caso eu não desocupasse até o final do dia. Estou desesperada, tenho outros sete filhos pequenos e não sei o que fazer”, contou Marilene Lopes da Silva. “O pessoal da Secretaria de Assistência Social disse que repassaria o dinheiro do aluguel social, mas até agora não passaram de promessas. Eles que mandaram eu arrumar uma casa e agora não tenho o que fazer”.

Em situação parecida está a família da dona de casa Maria Margarida da Silva. Ela foi uma das vítimas da enchente que teve a casa toda destruída pela força das águas do Rio Mundaú. “Senão bastasse a dor de perder a casa onde vivia com minha família, de perder todos os nossos pertences, ainda temos que viver correndo atrás da liberação de um recurso que sabemos ter direito. Na época que perdemos a nossa casa fomos para casa de parentes, mas esses já não querem mais a gente lá. Viemos aqui na Assistência Social e foram eles que nos garantiram esse recurso, agora ficam sem querer nos receber”, falou.

O agricultor Sebastião Ferreira dos Santos, também não tem onde morar. Em seu relato preocupado, ele contou está doente e disse, que já pediu uma barraca de lona, onde estão os outros desabrigados da enchente, mas não teve o pedido atendido. “Estou sem trabalhar desde a enchente com problemas de saúde. Não tenho dinheiro para pagar aluguel do meu bolso e o pior de tudo é que já implorei por um barraco, e eles disseram que não podem me dar”, colocou. “Estou sem ter onde morar e vou acabar indo para rua. O descaso com a gente é grande e o desespero já toma conta de todos. Não temos mais as cestas básicas e agora, estamos sem teto”.

De acordo com informações da equipe da Secretaria de Assistência Social de Murici, o problema na falta do recurso para o aluguel das casas, partiu depois da suspensão do envio da verba do Aluguel Social. “O recurso que recebemos aqui no município foi apenas para a reconstrução das casas. O que o Governo Estadual nos repassou é que se quiséssemos alugar fizéssemos com esse recurso, já que não seria mais enviado o Aluguel Social. Só que o Município não tem recurso para isso. Infelizmente estamos de mãos atadas e não temos o que fazer”, afirmou Vanessa Barros, assistente social.

Já em relação a questão dessas pessoas não estarem nas barracas de lona cedidas pelo Programa da Reconstrução, Vanessa Barros explicou que eles ficaram na casa de parentes e não foram contabilizados como desabrigados. “Durante alguns dias, eles ficaram na casa de parentes, então são considerados desalojados. Nessa situação não foi fornecido barracas para eles. E outra coisa, mesmo que fosse liberado o Aluguel Social, essa verba só seria até dezembro e eles iam precisar se virar a partir de então. A vida continua”, completou.