Com cadaminuto // emanuelle oliveira
No Brasil 92% dos médicos que atendem por planos ou seguros de saúde sofrem interferência das operadoras em decisões sobre pacientes, de acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na última quarta-feira (01). Desta forma, a operadoras não pagariam por procedimentos já realizados, além de questionarem o número de exames solicitados pelos profissionais.
Assim, planos de saúde e médicos começaram a travar uma guerra, pois as interferências e a baixa remuneração repassada fizeram muitos especialistas deixarem de atender pelos convênios, como aconteceu com os urologistas em Alagoas. Segundo o presidente do Sindicato dos médicos, Wellington Galvão é uma tendência nacional que os profissionais deixem de atender pelos planos de saúde, o que acarreta prejuízos aos pacientes.
“As operadoras interferem no trabalho, por isso os médicos estão saindo em blocos ou individualmente. A prova disso é que há oito meses no Estado não há urologistas em convênios. Na Bahia e em Sergipe essa especialidade também não é encontrada nos planos de saúde. Ginecologistas e obstetras de São Paulo paralizaram as atividades em protesto. O valor pago é insuficiente para manter os consultórios e há restrição de exames. Não temos liberdade para atuar nem somos contemplados”, ressaltou.
Galvão informou que em Maceió muitos procedimentos cirúrgicos só são feitos de forma particular, pois os convênios se recusam a cobrir os gastos. Sobre o surgimento de novos planos de saúde, ele destacou que se tratam de vendedores de ilusões, que cobram um valor abaixo do mercado, contando que existe plano de saúde em Maceió fazendo videoconferências entre médico e paciente, o que deve ser comunicado ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
“As novas operadoras não atraem os médicos, só angariam dinheiro, por isso a população deve ficar atenta porque quando precisar de um tratamento de longa duração não vai ser atendida, pois não há suporte financeiro. É um absurdo que um urologista atenda on-line. Os pacientes entram em uma sala e falam com o médico, mas como ele vai fazer um toque retal, por exemplo, sem ser pessoalmente?Os planos de saúde querem burlar as regras e isso é ilegal. A relação médico e paciente tem que ser preservada”, pontuou.