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17/06/2010 00:00:00

Especiais

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Com sertao24horas // maryland wanderley

A demanda por fogos de artifício no período junino cresce a cada ano em Alagoas, segundo os vendedores das barracas da Avenida Duque de Caxias, na orla de Maceió. A comerciante Isabel Batista é a terceira geração de uma família que há mais de 50 anos comercializa fogos em Maceió. De acordo com ela, a procura por fogos de todas as categorias e tamanhos aumenta a cada ano por fatores que incluem costume, diversificação e criatividade dos itens ofertados pelas indústrias de fogos.

“As novidades enchem os olhos de adultos, jovens e crianças que se encantam com a variedade de fogos”, destacou Isabel, acrescentando que este ano, por ser o da Copa do Mundo, as vendas já aumentaram em até 50% se comparado com o mesmo período do ano passado. “As festas juninas ainda não chegaram, mas a Copa já aqueceu o setor”, diz a comerciante, em tom de comemoração.

Isabel ressalta que os vendedores que trabalham nas barracas da família só comercializam os produtos após serem submetidos a um treinamento rigoroso. “Não vendemos a crianças fogos que são para adultos e sempre orientamos os pais a não deixarem os pequenos soltando fogos sem a fiscalização e a ajuda de uma pessoa responsável”, disse Isabel Batista, lembrando que as caixas de fogos possuem um manual de instrução e indicam a faixa etária permitida.

De acordo com ela, as antigas chuvinhas, estalos bebés e traques estão sendo substituídos pelas pequenas granadas que, segundo ela, podem ser manuseadas por crianças com idades a partir de dez anos. “A granada é uma das favoritas das crianças. Elas puxam a corda da bomba e jogam, mas um adulto deve sempre está por perto, olhando”, alerta a comerciante, acrescentando que os aviões de caça e a neve azul estão na lista dos mais procurados pelo público mirim.

Apesar de os fogos modernos estarem substituindo os antigos, a funcionária pública Rafaela Torres não dispensou da sua lista de compras as inofensivas chuvinhas e traques para a sua filha Maria Clara, de apenas 4 anos. Puxada pela pequena consumidora, ela percorria as prateleiras da barraca de fogos, enquanto a menina escolhia os produtos de sua preferência para levar à escola.

“Eu quero que ela possa curtir a tradição de soltar fogos, como eu fiz quando criança. Estou sempre do lado dela e solto com ela os mais perigosos. Ela só solta sozinha os traques e as chuvinhas”, disse a mãe, que comprou R$ 25 em fogos de menor porte. Os fogos comercializados em Alagoas são provenientes da China, Minas Gerais, Murici, Ibateguara e São José da Tapera.

Estudioso diz que fogos são símbolos de louvação aos santos

Diferente dos outros elementos juninos que estão sendo descaracterizados com o passar dos anos, a exemplo das quadrilhas, coco de roda e fogueiras, soltar fogos no mês de junho é uma tradição que permanece ao longo de décadas. A opinião é do pesquisador de cultura popular, Luiz Barroso Filho. Segundo ele, a técnica de fabricação de fogos se deu na China e foi trazida para o Brasil pelos europeus, no século XVII.

De acordo com ele, a partir do século XIX o país passou a usá-los para louvar e homenagear os santos Antônio, João e Pedro, no mês de junho.
A forma de fabricação dos fogos, segundo Barroso, também não perdeu a característica e continua sendo artesanal, como no início. O estudioso destaca que o elemento fogueira, também símbolo dos festejos juninos, vem sendo cada vez menos usado nas portas das casas, como era de costume, por causa de manifestações de defensores do meio ambiente.

“A repressão às fogueiras com a alegação de que elas poluem, na minha opinião não faz sentido, porque elas não agridem ao meio ambiente, mas fazem parte de um contexto de festejos juninos”, reforçou.