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02/06/2010 00:00:00

Especiais

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com cadaminuto // emanuelle oliveira

Em ano eleitoral surgem muitos mitos sobre a origem do dinheiro utilizado em campanhas políticas, que já começam a ser articuladas para a próxima eleição. Isso porque os assaltos a banco se intensificam e dificilmente a polícia consegue chegar aos criminosos. Porém, os recursos empregados em campanhas milionárias são atribuídos a empresários e pessoas interessadas nos benefícios que um cargo político pode representar.

Em Alagoas, só esta semana, uma agência bancária do Bradesco, no município de Roteiro foi assaltada por 10 homens armados e uma tentativa de roubo ao Banco do Brasil, em Canapi foi frustrada pelas polícias Rodoviária Federal, Civil e Militar, que prenderam seis acusados, na BR-423, próximo ao povoado Liobino, município de Inhapi, na última terça-feira (01).

O cientista político Eduardo Magalhães afirmou que os assaltos a bancos, mesmo os cometidos em ano eleitoral, não apresentam relação direta com o financiamento de políticos. Segundo ele, há outras formas de se conseguir o dinheiro, principalmente quando se trata de um candidato que tenta a reeleição e que tem influência no meio político.

“Há muitos mitos em véspera de eleição, por isso é leviano dizer que roubos a bancos contribuem para levar candidatos ao poder. É uma ação violenta e creio que os políticos alagoanos não precisam disso. Eles têm muitos defeitos, mas não é possível afirmar que sejam criminosos. Existem muitas pessoas interessadas em financiar campanhas, basta a pessoa ter a mínima chance de vencer. Por isso, os candidatos não precisam se expor dessa forma. Os assaltantes acham mais lucrativo roubar um banco do que uma farmácia de bairro”, afirmou o cientista político.

Magalhães lembrou que os recursos que financiam as campanhas eleitorais também podem ser usados em troca de favores, principalmente de empresários, a exemplo do que aconteceu com o presidente Lula, que acabou beneficiando banqueiros que contribuíram para sua chegada ao cargo. “Se um empresário tiver apoio político pode conseguir muitas vantagens. Alguns senadores e deputados federais fazem intermediações em Brasília e ganham presentes”, reforçou.

De acordo com o cientista político, a chegada do estaleiro Eisa, no município de Coruripe pode ser tida como exemplo. “Há informações confidenciais que chegam ao empesariado através de políticos. Quem tiver esse benefício, poderá investir em Coruripe e ganhar milhões. Todo financiador pede algum retorno, embora haja aqueles que querem só ver um político influente no poder”, destacou.

Ele destacou que há muitos problemas em véspera de eleição e que por isso, é necessário reconhecer que existem pessoas sérias e dispostas a honrar os votos da população. “Os políticos já são vistos como desmoralizados e ladrões, mas há pessoas de bem, dispostas a fazer um trabalho difícil, que pode influir na imagem pessoal por causa do cargo”, afirmou.

Violência nas eleições

Para Eduardo Magalhães ainda há um histórico de violência política e Alagoas. Porém, ele acredita que nas eleições deste ano isso pode se refletir na disputa por uma vaga na Assembléia Legislativa (ALE), que será uma prova de fogo para deputados estaduais acusados de corrupção, a exemplo daqueles indiciados na Operação taturana, da Polícia federal, em 2008.

“Fernando Collor, Ronaldo Lessa e Teotônio Vilela não têm históricos de violência em suas campanhas. Sempre há troca de acusações, mas nada comparado ao que acontece com os integrantes da ALE. Nas eleições, alguns deputados têm o confronto e o ódio como uma marca. Isso não é novidade, principalmente no Nordeste. Em Alagoas, mesmo com as inovações tecnológicas e possibilidade de conseguir informações, a violência é evidente. O governo de Silvestre Péricles foi uma prova disso. Mas, para este ano as ações dos órgãos de segurança devem se intensificar”, ressaltou.