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31/05/2010 00:00:00

Municípios

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com tudonahora //

As 17 famílias do acampamento Flor do Bosque II, no município de Messias, prometem resistir ao mandado de reintegração de posse que deve ser cumprido nesta terça-feira. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), que coordena a área, pretende mandar "reforço" e lutar para impedir que a ordem da Vara Agrária de Alagoas seja cumprida.

“O local poderia ser um assentamento, já que tem infra-estrutura para isso. Precisamos evitar que essas famílias sejam largadas à sorte, e assim aumentar ainda mais a miséria e a fome", afirmou Carlos Lima, coordenador estadual da CPT.

A decisão de desocupar a área foi tomada no dia 29 de abril, após uma tensa reunião entre os coordenadores da CPT , trabalhadores rurais, Polícia Militar, Incra e proprietários. O Ouvidor Agrário Estadual do Incra, José Carlos Cardoso, chegou a fazer uma proposta para aquisição da propriedade rural, mas não houve acordo. 

O terreno ocupado possui 120 hectares e foi instalado nas terras abandonadas da usina falida Bititinga, que hoje pertence à Usina Santa Clotilde. Segundo a CPT, o acampamento é hoje um modelo de organização no Estado, e as famílias produzem vários tipos de alimentos.

Negociação
Segundo o major Antônio Casado, escalado como negociador do Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar, a intenção é negociar uma saída pacífica. “Eu sempre acredito em uma saída sem a necessidade da utilização da força e estamos trabalhando para isso. O mandado terá que ser cumprido amanhã [terça-feira], e esperamos que haja o bom senso dos trabalhadores rurais”, afirmou.

Ainda segundo o major, os policiais devem chegar logo cedo ao local para tentar iniciar uma negociação com as lideranças, e assim evitar possíveis confrontos com os acampados.

A fazenda
A fazenda Flor do Bosque foi adquirida pelo Estado em 2007. A escritura original a propriedade aponta para 940 hectares, mas apenas 350 hectares foram repassados aos trabalhadores rurais.

Ocupado há três anos, o acampamento já tem casas de alvenaria com energia elétrica. As famílias estão distribuídas em lotes de cinco hectares e, desde o ano passado, existe uma associação para tentar melhorar a infra-estrutura e ter cuidados com o meio ambiente.

Segundo a CPT, no local são cultivados feijão, feijão de corda, mandioca, milho, abóbora, batata, vários tipos de pimenta, cana caiana, frutas (maracujá, melancia, banana, caju, manga e laranja), hortaliças (tomate, cebola, coentro, pimentão e machiche) e uma pequena criação de animais (cavalo, ovelha e galinha). A maior parte dos produtos serve para o consumo próprio - o excedente da colheita é vendido nas feiras livres.