Por muitos anos, o omeprazol foi considerado um aliado eficaz no combate a problemas digestivos, sendo amplamente utilizado por indivíduos que tomavam uma dose diária antes do café da manhã. No entanto, avanços na ciência médica revelaram que o uso indiscriminado pode trazer riscos e que, em alguns casos, o medicamento deve ser substituído ou evitado.
Por g1
Como parte da classe dos inibidores da bomba de prótons (IBPs), o omeprazol, assim como outros remédios como pantoprazol, esomeprazol e lansoprazol, atua reduzindo a produção de ácido gástrico. Apesar de sua eficácia, estudos recentes alertam para os perigos do uso prolongado, principalmente quando a medicação é mantida sem necessidade clínica clara.
Nos anos posteriores à sua introdução, o omeprazol revolucionou o tratamento de úlceras e refluxo, mas seu uso excessivo se transformou em uma rotina automática, sem reavaliação periódica. Raphael Brandão, diretor da Clínica First e oncologista clínico, comenta que a banalização do uso dos IBPs levou a uma inércia terapêutica, com muitos pacientes permanecendo no medicamento por longos períodos sem acompanhamento médico.
Novas pesquisas reforçam os riscos de manter o uso por tempo indeterminado. Segundo a gastroenterologista Karoline Soares Garcia, membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia, o consumo contínuo de omeprazol pode diminuir a absorção de minerais essenciais como ferro, magnésio, cálcio e vitamina B12, contribuindo para anemia, fadiga, cãibras e osteopenia. Além disso, aumenta a vulnerabilidade a infecções intestinais causadas por Clostridioides difficile, uma bactéria associada a diarreias severas, e pode promover o crescimento descontrolado de bactérias no intestino delgado, conhecido como SIBO.
Estudos também indicam uma possível ligação entre o uso prolongado de IBPs e o desenvolvimento de doenças renais crônicas, além de fraturas ósseas. Por essas razões, o uso dessas drogas deve ser sempre supervisionado por um profissional de saúde e limitado ao período necessário.
Ainda assim, o omeprazol mantém sua importância em tratamentos específicos, como no caso de refluxo gastroesofágico, gastrite, úlceras e infecção pelo Helicobacter pylori. É uma medicação de baixo custo e alta utilidade, especialmente para pacientes com condições que exigem uso contínuo, como esôfago de Barrett, esofagite eosinofílica ou aqueles que dependem de anti-inflamatórios de forma constante.
Para esses pacientes, a decisão de continuar, substituir ou interromper o uso deve ser feita em conjunto entre o médico e o paciente, levando em consideração os riscos e benefícios de cada abordagem.
Para quem apresenta sintomas leves ou refluxo ocasional, alternativas mais suaves podem ser adotadas. Segundo Brandão, a redução da dose, o uso do remédio sob demanda ou a substituição por bloqueadores de receptores de histamina, como a famotidina, são opções eficazes que causam menos efeitos adversos a longo prazo. Além disso, surgiram novas alternativas, como os P-CABs (bloqueadores de potássio), exemplificados pela vonoprazana, que oferece ação rápida e duradoura, embora ainda seja cara e pouco acessível no Brasil.
Remédios e mudanças no estilo de vida também desempenham um papel fundamental na gestão do refluxo. Segundo especialistas, medidas como perder peso, evitar deitar após as refeições, diminuir o consumo de alimentos ultraprocessados, álcool e chocolates, além de elevar a cabeceira da cama, podem resultar em melhorias significativas e até controlar o problema sem necessidade de medicação contínua.
Garcia reforça que hábitos alimentares conscientes, como comer devagar, mastigar bem e respeitar os horários das refeições, podem ser tão eficazes quanto o uso de medicamentos leves em casos de sintomas leves de refluxo.
Para os profissionais de saúde, a recomendação de reduzir ou eliminar o uso do omeprazol não visa uma campanha contra o remédio, mas sim uma estratégia de promover uma utilização racional do medicamento, evitando seu uso sem critério adequado. Ressaltam que, embora seja um avanço da medicina moderna, seu uso precisa ser sempre feito com indicação, acompanhamento periódico e por tempo limitado, para garantir segurança e eficácia a longo prazo.
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