Líderes dos EUA e Brasil se Encontram na Malásia para Debater Tarifas e Relações Comerciais

Na tarde deste domingo (26/10), as lideranças de Brasil e Estados Unidos se encontraram em Kuala Lumpur, na Malásia, durante o 47º Fórum da Associação de Nações do Sudeste Asiático.

O encontro, que teve início às 15h30 no horário local (4h30 em Brasília), durou aproximadamente 45 minutos e simbolizou uma tentativa de reaproximação entre as duas nações.

Este foi o primeiro encontro direto entre Lula e Donald Trump desde uma breve conversa na Assembleia Geral da ONU, realizada em setembro em Nova York. A conversa ocorreu num momento de crescente tensão, motivada pela decisão dos EUA de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, além de sanções direcionadas a autoridades brasileiras devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Após a reunião, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, destacou que o diálogo foi "muito positivo" e conduzido em um tom de "relaxamento".

Ele acrescentou que ambos os países decidiram iniciar, ainda neste domingo, negociações para revisitar o aumento tarifário. Durante uma entrevista rápida, Trump expressou consideração pelo encontro, afirmando que foi "uma honra" participar da conversa com Lula, e manifestou otimismo quanto à possibilidade de firmarem "bons acordos".

O ex-presidente americano comentou ainda que ambos discutirão tarifas, mencionando que cada lado sabe suas intenções. Questionado sobre Jair Bolsonaro, Trump declarou que "se sente mal" pela situação do ex-presidente brasileiro, porém preferiu não aprofundar o tema na conversa com Lula. Por sua vez, Lula comentou que a pauta do encontro foi "ampla" e que não há motivos para conflitos entre Brasil e EUA.

Segundo ele, o diálogo é crucial para reconstruir a confiança mútua e avançar em questões comerciais e ambientais. Um dos temas destacados foi a questão das terras raras, minerais essenciais para setores que vão desde a tecnologia digital até a defesa.

O Brasil ocupa a segunda colocação no mundo em reservas desses minerais, que estão no centro de uma disputa geopolítica entre EUA e China. A China possui cerca de metade das reservas globais, com aproximadamente 44 milhões de toneladas, enquanto o Brasil detém cerca de 21 milhões, conforme o Serviço Geológico dos EUA.

Esses materiais são fundamentais na fabricação de baterias e mísseis de alta precisão, conferindo ao Brasil uma posição estratégica de poder geopolítico, destacou Gilberto Fernandes de Sá, fundador do Laboratório de Terras Raras da Universidade Federal de Pernambuco.