20/09/2025 17:37:17

Acidente
28/08/2025 11:00:00

Novo Leilão de Energia Provoca Controvérsia ao Incluir Fontes Fósseis

Após mais de uma década, governo lança consultas públicas para contratar termelétricas fósseis com subsídios elevados

Novo Leilão de Energia Provoca Controvérsia ao Incluir Fontes Fósseis

Faltando 76 dias para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), o governo federal trouxe à tona uma controvérsia no setor energético ao divulgar novas orientações para o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) de 2026. A decisão, formalizada na última sexta-feira pelo Ministério de Minas e Energia (MME), prevê a contratação de energia elétrica gerada por usinas alimentadas a gás natural, carvão mineral e óleo diesel, todos considerados combustíveis fósseis com altas emissões de gases de efeito estufa.

Esse anúncio sinaliza o retorno do carvão à pauta dos leilões de energia no Brasil, após um intervalo de 11 anos. Segundo informações do Instituto Internacional Arayara, a última contratação de uma usina térmica movida a carvão ocorreu em 2014, com a Usina Pampa Sul, localizada em Candiota (RS). Desde então, o país tem adotado um processo gradual de diminuição da participação dessa fonte em sua matriz elétrica, devido aos seus impactos ambientais negativos.

O LRCAP de 2025, que deveria ter ocorrido em abril passado, foi cancelado pela justiça após provocar forte reação de entidades ambientalistas, que levantaram preocupações sobre os riscos e a legalidade do processo. Conforme relatado por John Wurdig, gerente de transição energética do Arayara, o edital previa emissões de até 1,11 gigatoneladas de CO2 até 2050, caso as usinas registradas entrassem em operação. "Agora, com o LRCAP 2026, a situação se torna ainda mais alarmante, já que o edital abrange não apenas termelétricas a carvão mineral, mas também aquelas a óleo diesel, o que torna difícil até mesmo estimar o total das emissões adicionais", destacou.

Nos corredores do Congresso, esse assunto também está gerando disputas acirradas. Desde 2024, mecanismos conhecidos como "jabutis" — emendas inseridas em projetos de lei que não têm relação direta com o tema principal — têm sido utilizados para garantir a continuidade dos subsídios ao carvão. Um desses dispositivos foi aprovado no Projeto de Lei das Eólicas Offshore, mas acabou sendo vetado pelo presidente Lula.

A Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) critica as distorções no modelo de contratação vigente, no qual os consumidores arcam com custos mesmo quando a energia não é utilizada. "Estamos diante de um leilão que fere os compromissos climáticos do país, especialmente às vésperas da COP30", afirmou Luiz Barata, presidente da entidade.