A Ucrânia apresentou recentemente o míssil de cruzeiro FP-5 Flamingo, desenvolvido pela empresa nacional de defesa Fire Point, que promete ampliar de forma significativa a capacidade de ataque de Kiev, alcançando alvos no interior da Rússia. O anúncio foi feito pelo presidente Volodymyr Zelenskyy, que confirmou no fim de semana o uso das primeiras armas de longo alcance produzidas internamente.
Segundo informações da própria fabricante, atualmente é produzido um míssil por dia, mas a expectativa é que a produção seja multiplicada por sete até o fim do ano, chegando a mais de 200 por mês e cerca de 2.500 por ano.
O Flamingo é considerado o primeiro sistema de mísseis pesados fabricado na Ucrânia. Ele possui seis metros de comprimento, pesa em torno de seis toneladas e carrega uma ogiva de aproximadamente 1.150 quilos, sendo de 450 a 550 quilos de explosivos. O especialista militar Fabian Hoffmann destacou que o peso elevado e a velocidade de impacto aumentam o poder destrutivo, já que a ogiva consegue penetrar profundamente antes da explosão. Com isso, o raio de destruição pode variar de 21 metros em alvos fortificados, como construções de concreto, a até 38 metros em estruturas mais frágeis, como refinarias.
A potência levou analistas a comparar o Flamingo ao míssil Taurus, de fabricação alemã, cuja entrega à Ucrânia foi debatida nos últimos anos. O chanceler Friedrich Merz chegou a sinalizar apoio ao fornecimento do Taurus, mas, passados mais de 100 dias de governo, a política não avançou em relação à gestão anterior de Olaf Scholz. O especialista austríaco Gustav Gressel classificou a discussão como “absurda”, lembrando que a Ucrânia já utilizou os Storm Shadow britânicos, semelhantes ao Taurus, sem que isso tivesse resultado em escalada grave do conflito.
Questionado sobre um possível cofinanciamento alemão ao Flamingo, o Ministério da Defesa da Alemanha não confirmou detalhes, citando razões de segurança militar. Porém, em maio, Berlim havia anunciado investimentos na produção de armamentos de longo alcance na Ucrânia, o que alimenta especulações sobre apoio indireto ao novo míssil.
Na comparação entre os dois sistemas, o Taurus possui alcance de cerca de 500 quilômetros, enquanto o Flamingo pode atingir até 3.000 quilômetros, colocando-o em uma categoria de mísseis de longo ou médio alcance. Gressel afirma que, embora o Taurus seja mais compacto, discreto e manobrável, o Flamingo tem maior alcance e poder destrutivo.
Para analistas, o potencial do Flamingo como “arma milagrosa” dependerá da qualidade da inteligência ucraniana sobre os alvos, incluindo vulnerabilidades na defesa aérea russa e a movimentação de caças que possam interceptar os mísseis. O desempenho em combate mostrará se ele pode, de fato, rivalizar ou até superar a relevância do Taurus para a estratégia militar de Kiev.