com revistamunicipal //
A pequena Pilar, a cerca de 30 quilômetros de Maceió, foi o local da última sentença de morte dada pela Justiça no Brasil, em 28 de abril de 1876. A data até hoje é lembrada pelos seus moradores , que encenam o episódio todos os anos na Casa da Cultura. O executado pela ordem judicial, que teve aval do imperador Dom Pedro II, foi um escravo condenado por assassinato. Na memória, ficou apenas seu primeiro nome: Francisco.
Pilar, a 30 Km de Maceió, onde foi executada a última sentença de morte do país/ Foto: Ana Branco
À primeira vista, o município não parece ser um local com um significado histórico tão grande. Mas basta uma olhada na vista da lagoa Manguaba, que banha a região, para entender porque Pilar era conhecida pela sua grande concentração de engenhos. A lagoa era usada para transportar o açúcar produzido em toda a região, e por isso, o município chegou a ser considerado a terceira economia mais importante do estado.
Hoje, no entanto, a maioria dos engenhos foi extinta. É o caso do primeiro da cidade, cuja sede deu lugar a uma escola pública. Apesar disso, ainda é possível visitar algumas construções da época, como a Fazenda São Pedro, que fez parte do antigo Engenho Cachoeira do Imburí. O local, que hoje funciona como reserva particular de Patrimônio Natural, é aberto para visitantes. Os donos, o casal Francisco e Carmelita Quintella, recebem pessoalmente os turistas.
- Foi aqui que começou o povoamento dessa região, com 19 famílías. Depois, isso aqui cresceu e passou a fazer parte da rota do comércio em Pilar – conta seu Chico, que lembra ainda que o sítio era também uma rota de fuga dos escravos – Eles passavam por aqui no caminho para União de Palmares, onde ficava o quilombo de Zumbi.
Além do passeio pela fazenda, que inclui três trilhas, a mulher de Chico oferece aos visitantes uma prova da culinária da época. Para isso, ela foi buscar com uma tia dele, de 94 anos, as receitas que eram feitas quando os engenhos ainda moviam a economia da região. Entre os quitutes, está a mandioca cozida com coco, uma espécie de doce que é servido embrulhado numa folha para conservar o calor. O gosto suave lembra um bolo que derrete na boca a cada garfada. Outra iguaria feita pela cozinheira é o nêgo bom, um doce de banana batido com açúcar branco e mascavo, ideal para tirar qualquer pessoa da dieta. Para completar, todos os produtos são fresquinhos, plantados na própria fazenda. O melhor é chegar cedo para conhecer o local e depois almoçar a deliciosa comida de Carmelita. Se não der tempo para a sobremesa, não precisa ficar triste: todas são vendidas em embalagens para viagem por lá mesmo…
Fonte: O Globo