Antonio Aragão
O estudante Rafael Pedrosa, de 19 anos de idade, filho do ex-prefeito José Pedrosa, acusado de no ultimo dia 18 haver atirado no empresário Danclads de Mendonça Uchoa, de 53 anos, fato ocorrido no restaurante “Magdala”, no centro da cidade, quando a comunidade católica comemorava o inicio dos festejos dedicados a Santa Maria Madalena, padroeira de União dos Palmares, se apresentou ao Delegado Regional Cícero Lima na tarde desta terça feira dia 27, em companhia do advogado Welton Roberto.
Rafael foi ouvido pelo delegado e pelo promotor de Justiça Tácito Yuri e em seguida foi comunicado que contra ele existe um mandado de prisão temporária de cinco dias expedido pelo Juiz José Lopes Netto, devendo a sentença ser cumprida em União dos Palmares. Em seguida ao depoimento e as ponderações da defesa, Rafael que é conhecido como “Padre” foi conduzido em uma viatura da Policia Civil ao Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió, para exame de corpo delito e deverá retornar a União ainda na noite de hoje, onde ficará preso.
O inicio da desavença
Consta nos autos processuais que tramitam na comarca local que há alguns meses passados, Rafael agrediu Uchoa dentro do bar Magdala (propriedade de Uchoa), após o empresário haver proibido um namoro de sua filha com Rafael, que, segundo Uchoa, passou a se comportar mal no seu estabelecimento e afugentado seus clientes. Dias após teria havido troca de gestos entre Rafael que estava com amigos em um bar na Avenida Monsenhor Clovis e Uchoa que transitava em sua camioneta, e em seguida, Rafael agrediu seu desafeto à pauladas, atitude que lhe valeu uma medida sócio educativa imposta pela justiça a menores (Rafael era menor de idade a época), e que estava supostamente sendo cumprida.
Proibido de se ausentar do município sem autorização judicial, de beber em bares da cidade e de circular pelas ruas após as 22,00 horas, Rafael, segundo o promotor Tácito Yuri, teria quebrado as regras disciplinares que lhe foram impostas “o que ensejará a solicitação ao Juízo competente a dilação do prazo da detenção provisória de cinco dias para no mínimo seis meses, pois o acusado demonstrou no ultimo dia 18 o desejo de eliminar seu desafeto, inclusive demonstrando periculosidade e colocando em risco a integridade física não somente da vitima, no caso Uchoa, mas de outras tantas pessoas presentes ao bar onde se efetuou a agressão a tiros” disse o promotor, que acrescentou estar o processo também acompanhado pelas Carmem e Adilza, que acompanham a mesma linha de raciocínio.
O dia dos tiros
Como acontece há 174 anos, no terceiro domingo dos meses de janeiro, católicos fieis de Santa Maria Madalena escolhem um “mastro” para após uma procissão pelas ruas da cidade, finca-lo defronte a Matriz da cidade, no centro. A comemoração, comparecem milhares de pessoas, que inclusive carregam a madeira nas costas como sinal de devoção e agradecimento por milagres à santa padroeira.
No final da tarde, após a colocação do “mastro” no local onde ficará até o próximo dia 03 de fevereiro ostentando a bandeira da santa, o empresário Danclads Uchoa, parentes e amigos foram ao bar “Magdala” (que é de sua propriedade mas que está arrendado a um empresário de Ibateguara), onde encontrava-se o deputado afastado Nelito Gomes de Barros, Rafael Pedrosa, Eduardo Pedrosa (tio de Rafael), além de outros membros da família Pedrosa, e dezenas de outras pessoas que festejavam a data. Poucos metros adiante, na mesa de Uchoa, um funcionário da CAEL identificado como Assis utilizava um telefone celular, fato que levantou a suspeita de Rafael que o mesmo o fotografava bebendo, o que gerou uma discussão, que segundo testemunhas teve a interferência do deputado Nelito, tentando contornar o impasse e convidando Rafael e seus parentes a se retirar do recinto, na tentativa de evitar desdobramentos.
Quando Rafael, seus parentes e Nelito saiam do restaurante, aconteceram os disparos que atingiram Uchoa. Ninguém pode afirmar ao certo, o que ocorreu no intervalo entre a saída dos parentes de Rafael do bar e os tiros, mas algumas pessoas dizem que Uchoa havia gesticulado apontando o dedo desrespeitosamente para seu antagonista, fato que está sendo apurado pelo delegado Cícero Lima.
Uchoa foi atingido duas vezes: uma bala no braço e outra transfixiou o fígado e se alojou nas proximidades de uma costela. Foi socorrido no Hospital Regional São Vicente de Paulo e em seguida removido para a Santa Casa de Misericórdia de Maceió onde foi submetido a uma cirurgia, estando agora se recuperando em seu apartamento, na capital alagoana.
Para o advogado Welton Roberto, “Rafael é primário, pois se cometeu a agressão contra Uchoa quando era menor, a medida sócio educativa não pode ser transferida para o fato do dia 18, quando Rafael já é maior de idade. Argumentos desta natureza que constam dos autos processuais obrigam-me a, amparado pela lei, solicitar a revogação da prisão temporária do meu constituinte, por se tratar de réu primário, e além do mais, haver sido compelido através de gestos e palavras a tomar a atitude de disparar contra Uchoa, mas sem a intenção de matá-lo” disse o jurisconsulto a este informativo.
Delegado cauteloso
Cumprindo uma norma que é peculiar a sua maneira de trabalhar, o Delegado Cícero Lima abordado pela reportagem limitou-se a afirmar que partiu dele a iniciativa de solicitar a Justiça a decretação da prisão temporária de Rafael “para garantir a aplicação da Lei e manter a ordem pública”, sentenciou.
Doutor Cícero afirmou a imprensa a cerca de um mês passado ter fortes indícios que Rafael Pedrosa é o principal suspeito de ter atirado no procurador do INSS Emanuel Paulo da Silva, o “Dr. Paulo do PT”, cuja tentativa ocorreu na noite do dia 04 de outubro de 2008, em uma via de acesso ao distrito de Rocha Cavalcante, em União dos Palmares, cuja acusação ainda encontra-se em fase de inquérito.