A crise financeira mundial não está provocando desemprego em Alagoas. Pelo menos isso é que o que afirmam especialistas, Governo do Estado e os segmentos da indústria e do Turismo. Enquanto os grandes centros urbanos, a exemplo de São Paulo e Minas Gerais, que concentram as principais instituições financeiras do País e os setores industriais que têm grande mercado nacional, sofrem com o aumento dos juros, a dificuldade de concessão de crédito e o aumento do dólar, o que acaba gerando as demissões, o tripé que movimenta a economia de Alagoas garante que ‘vai muito bem, obrigado!’. O Estado fala, inclusive, na expectativa da geração de 20 mil novos postos de trabalho até 2010. Só que os economistas não estão tão otimistas, entretanto, eles comemoram as vantagens da expansão do turismo e a chegada de novas indústrias aqui em Alagoas.
O mercado de trabalho de Alagoas não está sendo afetado tão diretamente pela crise mundial que explodiu nos Estados em outubro do ano passado porque sua economia sofre com a sazonalidade na agricultura e na área de serviços e, neste momento, está sendo beneficiada com o aumento do fluxo turístico.
De acordo com o economista Cícero Péricles de Carvalho, nossa economia é periférica, não tem parque industrial e o setor de serviços não depende do cenário nacional. “Temos a carcterística de economia sub-dsesenvolvida. Por isso, o cenário econômico deste início de 2009 será, praticamente, igual aos dos mesmos períodos dos anos anteriores. “Teremos, em abril, o período de entre-safras, em que os setores sucroalcooleiro e da agricultura demitem para só voltar a contratar na safra do final de ano. A mesma situação se repete no comércio e no segmento de serviços. O aumento da contratação de mão-de-obra coincide com a estação do verão. Já entre os meses de maio, junho e agosto a situação é mais negativa”, explica ele.
O economista também lembra que ainda estamos numa boa fase de contratação. “Serviços, turismo e comércio contrataram muito nessa época, mas matam a dinâmica da contratação, da carteira assinada e do aumento salarial. Eles não estabelecem um vínculo empregatício logo de início com o funcionário. Todavia, é positivo o aumento do número de postos de trabalho”, defendeu.
Estado fala em 20 mil novos empregos
O Governo do Estado está otimista na geração de emprego e renda para Alagoas até 2010. Dados apurados junto as Secretarias de Turismo, Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Planejamento, Sindicato da Construção Civil, ao Relatório PAC do Governo Federal e ao Trade Turístico estimam que 20 novos postos de trabalho podem ser gerados aqui em Alagoas entre 2009 e 2010.
Segundo a Secretaria de Turismo, o setor hoteleiro, por exemplo, informou que serão 5.019 novas vagas abertas até 2010. E essa expectativa se deve a chegada de 30 novos hotéis.
“Os projetos de Pontal de Camaragibe estão firmes e assegurados”, confirmou o governador, que recebeu a garantia do próprio presidente do Grupo Investur, José Romeu Ferraz Neto, durante reunião realizada em São Paulo no último dia 22.
Já o presidente do Grupo Itacaré Partners, Pedro Miranda, que também se reuniu com Teotônio Vilela e ainda com o secretário de Desenvolvimento Econômico Luiz Otávio Gomes, informou que o escritório do arquiteto Oscar Niemeyer venceu a licitação para projetar o hotel em Duas Barras, Coruripe. “A obra será iniciada ainda neste ano de 2009. É importante a certeza de que nenhum dos empreendimentos já lançados sofra processo de paralisação”, disse o governador.
Para o economista Cícero Péricles, essa projeção do setor de turismo é mesmo animadora. “Com o dólar mais caro, o produto nordestino passa a ser o destino mais acessível. Daí, os turistas tendem a vir pra cá. É só olhar para Maceió que vamos ter a certeza da ocupação de praticamente 100% nos hotéis. E com isso lucram os próprios hotéis, os estabelecimentos comerciais, os bares e restaurantes e até a economia informal, e todos eles movimentam a nossa economia, pagam mais impostos etc”, comemora o especialista.
Novas empresas, velhas dúvidas
A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Energia e Logística anda ainda mais animada porque novas empresas, 22 até agora, prometeram instalar seus parques industriais em Alagoas em até dois anos, o que deverá provocar o número de 2.832 pessoas trabalhando com carteira assinada.
E como para cada emprego gerado, 4 ou 5 indiretos também passam a existir, a comemoração passa a ser ainda maior. “Em Alagoas, o maior gerador de empregos é a ocupação informal. De cada três trabalhadores, dois são informais. E eles movimentam bastante a economia”, garantiu o economista Cícero Péricles.
Na última semana, o Governo do Estado esteve reunido com o presidente da Procter & Gamble do Brasil, Tarek Farahat, com o diretor de Planejamento Corporativo, Denerson Mota, bem como com outros executivos responsáveis pelo projeto da empresa em Alagoas. Na oportunidade, os empresários confirmaram o início das obras, já com a terraplanagem e outros serviços de base, para o final do próximo mês e a inauguração para dezembro. Serão R$ 50 milhões em investimentos e cerca de 200 empregos diretos, que vão trabalhar para produzir absorventes femininos, com a possibilidade de expansão do negócio para a fabricação de fralda infantil e sabão em pó.
Logo em seguida, no mesmo dia 22, foi a vez da reunião com os executivos da empresa Bauducco, cuja sede fica em Guarulhos, São Paulo. O encontro foi com o presidente do Grupo, Luigi Bauduco, com o diretor executivo, Djalma Antonio D’Oliveira, e com a equipe técnica de Engenharia, para tratar do início da construção da fábrica e do centro de distribuição, que deverá acontecer até o mês de abril.
O município que vai receber a fábrica ainda não foi definido, mas o parque industrial vai ocupar um espaço de 340 mil m². Segundo o secretário Luiz Otavio Gomes, a empresa exigiu uma infra-estrutura mínima, com energia, água e gás natural. “Como a planta fabril e a central de distribuição irão atender o mercado Norte/Nordeste, a diretoria da Bauducco dará preferência para a cidade margeada por uma rodovia federal”, destacou ele. A intenção é a geração de 250 novos postos de trabalho.
Entretanto, todo esse entusiasmo não é compartilhado pelos estudiosos. Cícero Péricles garante que a indústria não gera emprego. “Ela é tecnologia, capital intensivo. O que ela produz é dinâmica, porque compra a matéria prima e revende o produto já confeccionado.
Uma prova clara do que digo podemos encontrar na Braskem. Ela tem um custo de U$ 1 bilhão, mas tem apenas 380 trabalhadores. É aquela lógica, quanto menos funcionários, mais tecnificada é a indústria”, detalha ele.
O economista garante que a vinda de indústrias para cá é importante porque fortalece a cadeia produtiva, mas alerta que é a agricultura familiar, na parte urbana da cidade e os pequenos e micro-empresários que conseguem fazer a diferença na geração de emprego e renda.
Ele também destaca o papel do setor do açúcar e do álcool. “Esse também é um dos maiores geradores de postos de trabalho e que vai muito bem em termos econômicos. A alta do dólar fez com que os industriais exportassem o açúcar mais caro, o que representou um lucro de U$ 814 milhões nesta safra. Foi a melhor de todos os tempos, com uma remuneração positiva e crescente”, assegura Péricles.
Segundo dados do Sindicato do Açúcar e do Álcool de Alagoas, nesta safra o segmento empregou 91 mil pessoas no centro urbano e no campo e, no período da entre-safra, vai manter 42,7 mil funcionários.
Construção civil depende de contrato a longo prazo. Os noticiários muito duros, então as pessoas ficam insegura. Sofre uma pressão forte e contrata menos.
PAC e a construção civil
O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal será mais um dos contribuidores para a geração de emprego e renda. São oito grandes obras tocadas pelo Estado, com investimentos do e contrapartida do governo, nas áreas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, habitação e urbanização, que já empregam, até esse mês de janeiro, 1.690 trabalhadores.
Segundo a Secretaria de Trabalho, só em Maceió, com as obras de esgotamento sanitário da orla, urbanização de favelas, recuperação do Distrito Industrial e a construção de casas no conjunto Paulo Bandeira, são mais 1.380 postos de trabalho.
E esse número que pode ficar ainda maior, se a Construção Civil mantiver os 12 mil empregos gerados em 2008 e continuar contratando agora em 2009.
Essa realidade pode mesmo se confirmar porque a quantidade de postos de trabalho que serão gerados em obras públicas deve aumentar este semestre com a aceleração do ritmo da finalização da barragem do Bálsamo e adutora Helenildo Ribeiro, do Canal do Sertão, do terminal rodoviário de Arapiraca, da restauração de estradas e a duplicação da AL 101.
Shopping Pátio Maceió
E para completar as boas expectativas do Governo do Estado, os sócios do Shopping Center Pátio Maceió, Samuel Hanan e Aldroaldo Moura, asseguraram que as obras do empreendimento estão em ritmo bastante acelerado e serão concluídas no próximo mês de outubro. O investimento total será de R$ 150 milhões e está gerando 420 novos postos de trabalho. Quando inaugurado, vai promover a inclusão de mais 3 mil pessoas no mercado.
com. gazetaweb // janaina ribeiro