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29/12/2008 00:00:00

Polícia

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O corpo do vice-prefeito eleito do município de Satuba, Célio Gomes da Silva, 48 anos, que era mais conhecido como ‘Célio Barateiro’, foi velado no Cemitério Parque das Flores e sepultado por volta das 17h, sob muita comoção de parentes e amigos. Célio Barateiro foi assassinado com vários tiros – cabeça, tórax, braços, ombro e abdome - na noite desse sábado (27). Ele foi emboscado na calçada do supermercado da família, que também fica localizado em Satuba. Os parentes suspeitam de crime político.

Muitos conterrâneos foram se despedir do vice-prefeito, entre eles alguns políticos. A ausência do prefeito eleito Cícero Ferreira da Silva, o Titor, foi notada. Titor estaria temendo ser mais uma vítima, conforme pessoas da sua confiança.A esposa Neide e a mãe de Célio, dona Cícera Gomes, de 70 anos, eram as mais emocionadas.

Pela manhã, o primo de Célio se pronunciou mais uma vez junto à imprensa. “O meu primo não tinha inimizades, era uma pessoa de bem e não haveria motivos para alguém querer a sua morte. A única suspeita da família é de crime político. Até temos suspeitas, mas não queremos adiantar nomes. Ele vinha sofrendo ameaças por telefone e isso foi comunicado à polícia. Vamos agora falar sobre tudo o que sabemos porque todos os suspeitos devem ser investigados”, declarou Edílson Gomes da Silva.
Poucas palavras

Entre os parentes da vítima, apenas Edílson dá declarações. “A esposa, os filhos, o irmão, todos estão muito abalados e não querem se expor agora. Pedimos a compreensão da imprensa e tenham a certeza que vamos contribuir com as investigações para que esse assassinato seja, no mais breve espaço de tempo, esclarecido”, disse.

Josenildo Gomes, irmão de Célio Barateiro, quase não se pronunciou sobre o assunto – enquanto aguardava a liberação do corpo. “Já é difícil perder um familiar, imagine quando é por morte violenta. Mas temos fé em Deus. Sabemos que Ele fará a justiça que os homens não conseguem fazer. Os criminosos irão para a cadeia, sim”, afirmou ele.

Ele era muito querido lá e o ‘mal’ que o Célio fez nessa vida foi ter ajudado aos mais carentes”, desabafou Edílson.

O crime

Célio Gomes da Silva sofreu um atentado e morreu vítima de vários tiros, enquanto trabalhava no supermercado ‘Barateiro’, localizado às margens da BR 316, e que pertence à sua família. Informações da polícia dão conta de que dois homens teriam cometido o assassinato e, em seguida, fugido numa caminhonete de cor escura, que aguardava para lhes dar cobertura.

De acordo com informações da polícia, os tiros atingiram várias partes do corpo da vítima: quatro na cabeça, um na testa, um no maxilar, um na bochecha, um na boca, um na altura das costelas, dois no ombro, dois no braço e os outros três no braço esquerdo. A arma do crime deve ter sido uma pistola 9mm.

Depois de baleado, Célio Barateiro ainda foi socorrido para o Hospital Geral do Estado, mas devido à gravidade dos ferimentos, ele perdeu massa encefálica e teve hemorragia interna, faleceu minutos depois de ter chegado à unidade de saúde.

Ameaças gravadas

Segundo familiares, Célio Barateiro, há algum tempo, vinha recebendo ameaças por telefone, que chegaram a ser gravadas e encaminhadas à polícia.

“Você ganhou, mas não leva”, teria dito a pessoa que praticou a ameaça contra o vice-prefeito, de acordo com informações repassadas por Edílson Gomes. Ele afirmou que a família havia pedido para Célio deixar a cidade por alguns dias, mas ele se recusou.

O prefeito eleito de Satuba, Cícero Ferreira da Silva, conhecido por Titor, esteve na noite deste sábado (27) no Instituto Médico Legal para prestar solidariedade à família. Entretanto, ele não quis se pronunciar sobre a morte do seu vice. Titor estava num casamento quando foi avisado do atentando.

Investigações

Em declaração à Gazetaweb, o diretor adjunto da Polícia Civil, delegado José Edson, afirmou que não está descartada a possibilidade do crime ter tido motivação política. Ele também informou que o Serviço de Inteligência da instituição já começou a política. Ele também informou que o Serviço de Inteligência da instituição já começou a trabalhar no caso. “Foram acionados os postos das Polícias Rodoviária Federal e Estadual, além das barreiras policiais em torno da região metropolitana de Maceió na tentativa de capturar os criminosos. Mas por enquanto, ninguém foi preso”, declarou.

Novo na política

Célio Barateiro, que era filiado ao PMDB, era um novato no ramo da política. Tradicionalmente, ele era conhecido como um dos comerciantes mais populares da cidade de Satuba. “Quando as pessoas estavam muito necessitadas, ele vendia a mercadoria e depois acertava o pagamento. Também havia clientes que pediam os produtos por telefone e, mesmo que ainda fosse longe o lugar, ele mandava entregar. Meu primo sempre gostou de ajudar, sempre teve muito contato com o povo, mas nunca havia subido num palanque”, garantiu Edílson Gomes.

Agora em 2008, apesar do não incentivo da família, o comerciante resolveu disputar a Prefeitura, cuja coligação 'Mudar com coragem e honestidade’, foi encabeçada pelo vereador de primeiro mandato, Cícero Ferreira, o “Titor”, do PC do B.

Os dois venceram as eleições de outubro e fizeram o adversário, Cyro da Vera Cruz (PSDB), que tinha o apoio da atual prefeita da cidade, Cícera do ‘Bar’, amargar a derrota nas urnas.

Segundo um morador do município, que preferiu não ter a identidade revelada, é tenso o clima na cidade. “A chapa eleita, a qual pertencia Barateiro, significava um sentimento de mudança para todos nós. Agora voltaremos a ter o rótulo de cidade violenta, não merecemos isso. Queremos justiça”, desabafou.

Barateiro já havia sido preso

Apesar da negativa da família do envolvimento de Célio Barateiro em qualquer ilicitude, o vice-prefeito já havia sido preso, no início do mês, numa operação do Tigre e da Diretoria de Recursos Especiais (DRE) da Polícia Civil.

No último dia 06, depois de cumprir mandados de busca e apreensão no município de Satuba, que foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital, a polícia acabou prendendo Célio Gomes.

Dentro do seu supermercado, ‘O Barateiro’, foram apreendidos dois revólveres de calibre 38, 60 munições e ainda 80 pássaros silvestres. Ele era acusado de participar de um grupo de roubo de cargas e, na ocasião da prisão, foi autuado em flagrante pelo delegado Mário Jorge por porte ilegal de armas e crime ambiental.

com gazetaweb // douglas lopes, janaina ribeiro, marcos marabá, dulce melo