Antonio Aragão
A “grande imprensa” de Alagoas destaca deste a ultima segunda feira, a inauguração da “Casa de Jorge de Lima” situada na Praça Sinimbu na orla marítima de Maceió, que recebeu investimento na ordem de um milhão de reais do BNDES. Vejam a matéria transcrita:
“O elegante sobrado onde viveu o poeta alagoano (1895 - 1953) antes de partir para o Rio de Janeiro foi restaurado graças ao investimento de mais de R$ 1 milhão do BNDES, através da Lei Rouanet.
O trabalho de reconstituição das linhas originais do prédio construído no início do século 20 é assinado pela arquiteta Gardênia Nascimento e a engenheira Fátima Melo. Juntas, elas ficaram atentas aos mínimos detalhes da obra para que nada fosse alterado do projeto original.
A força da palavra deixada por Jorge de Lima ocupa todo o circuito museológico, idealizado por Cármen Lúcia Dantas. O térreo é dedicado às exposições temporárias. A primeira é uma celebração ao poema “Rio de São Francisco” - escrito em 1928 e que fala do percurso das águas desde a Cachoeira de Paulo Afonso até a foz, na cidade de Piaçabuçu. Ao lado dos versos fotografias de Celso Brandão, que revelam pessoas e lugares dessa viagem poética.
A filha do poeta, Maria Thereza de Lima, deixou sob a guarda da Casa Memorial importantes documentos que irão ficar à disposição do público. A Academia Alagoana de Letras adquiriu um busto de Jorge de Lima assinado pelo escultor e pintor Bruno Giorgi, além da escrivaninha que pertenceu ao autor de poemas famosos como “Invenção de Orfeu” e “O Acendedor de Lampiões”.
De acordo com o professor Benedito Ramos, administrador do espaço, a preocupação agora é com a manutenção da Casa. “Para isso, iremos oferecer ao público um café e espaço para eventos. Ambos com a missão de gerar recursos”.
Ele adiantou, ainda, que o segundo passo da Academia Alagoana de Letras é conseguir dinheiro para construção do prédio anexo, onde irá funcionar o centro cultural, com biblioteca especializada em literatura, salas de aula do curso de pós-graduação oferecido pela Academia, além de espaços para oficinas, palestras e seminários”.
Enquanto isto, na Praça Basiliano Sarmento, no centro comercial de União dos Palmares, ergue-se majestosamente (não se sabe até quando) o solar onde o poeta nasceu, recebeu seus primeiros ensinamentos (o térreo era onde seu pai exercia o comercio), e de onde quando chegava da escola enquanto sua mãe cozinhava, observava a Serra da Barriga, que lhe inspirou a poesia e o levou a verdadeiros clássicos da literatura que lhe renderam o cognome de “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, que segundo os literatos atuais ainda persiste.
O solar necessita de reparos em sua estrutura física, além de ser abastecido de livros e documentos para que a comunidade tome conhecimento da importância do ilustre palmarino, pois o que existe hoje são retratos remanescente do século passado, umas prateleiras velhas e alguns dedicados funcionários que limpam o local e impedem que o piso superior (que e de madeira) desabe sobre a cabeça dos visitantes, missão que segundo apurou a reportagem é da alçada da UFAL, que desde que adquiriu o velho solar tenta implantar um museu histórico falando também sobre Zumbí (que não dispõe sequer de uma estatua na cidade), enquanto rumores persistem que os manuscritos e “borrões” de toda obra de Jorge de Lima estão dormindo em berço esplendido no arquivo do Congresso Nacional em Washington nos Estados Unidos.
Não se entende, sobretudo porque tentam arrebatar de União dos Palmares, uma cidade simpática, estrategicamente bem localizada perto dos grandes centros, servida por uma BR em perfeito estado de trafegabilidade, sua verdadeira história, já que se houvesse seriedade e empenho na Serra da Barriga e o Museu de Jorge de Lima funcionasse a contento, poderia ser este rico acervo dos primórdios do Brasil atrativo para milhares de turistas que se frustram quando buscam coisas de nossa história e encontram abandono e pouca gente para ilustrar a história, o que redundaria na redenção econômica não só do município, mas de toda região.