Médicos da rede pública estadual se reuniram, na noite desta segunda-feira (24), na sede do Sindicato dos Médicos de Alagoas, no bairro do Trapiche, para estruturar o plano de demissão coletiva planejado pela categoria para o começo de 2009.
O principal motivo para a decisão tomada pela categoria é o não cumprimento, por parte do governo, do Plano de Cargos, Carreiras e Salários estabelecido em agosto. O piso salarial nacional calculado pela Federação Nacional dos Médicos é o de R$ 7.500. “Não é esse o valor que nós estamos pedindo ao governo, mas o nosso objetivo é chegar a ele, com certeza. No começo, estamos pedindo que o nosso salário atual, de R$ 1.429 por 20 horas semanais de trabalho, seja aumentado para R$ 2.859”, afirma o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão.
A mobilização dos profissionais começará a partir desta semana, com atos públicos e movimentações da categoria. O objetivo final de todo este processo é o recolhimento de, no mínimo, mil assinaturas de médicos que optem pela demissão em forma de protesto à situação vivenciada no ambiente de trabalho. Segundo a categoria, as condições oferecidas pelo governo para o exercício da profissão são mínimas: faltam equipamentos adequados para a hospitalização, há a carência de profissionais para completar o quadro de médicos na unidade, a carga horária é excessiva e o salário é insuficiente.
A solicitação de exoneração já foi elaborada e começou a ser distribuída entre os que estavam presentes na reunião desta segunda. É importante salientar que 93% da população alagoana depende exclusivamente do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e, com a demissão de quase metade dos profissionais disponíveis no Estado (são cerca de 2.400 médicos disponíveis), a situação deve piorar. “Com a demissão em massa que pretendemos alcançar, o Estado deve entrar num estado de calamidade nunca visto”, afirmou o presidente.
Ainda segundo o presidente, muitos profissionais já estão solicitando demissão espontaneamente, especialmente no interior de Alagoas, e trabalhando em outros estados que apresentam um piso salarial maior. “O que nós vamos fazer é organizar essas demissões que já estão ocorrendo, porque isoladamente elas não têm impacto algum”, explicou Wellington Galvão.
Na próxima semana, os médicos devem se reunir mais uma vez para definir os próximos passos a serem tomados para a decisão coletiva estimada em cerca de mil profissionais.
com gazetaweb // anny rochelly