— Como resultado da política bolchevique, a Ucrânia soviética surgiu, e hoje há uma boa razão para que seja chamada de "Ucrânia de Vladimir Ilyich Lenin". Ele é seu autor e arquiteto — afirmou Putin.
Para ele, as autoridades ucranianas foram “contaminadas pelo vírus do nacionalismo e da corrupção” e passaram a ser comandadas por forças estrangeiras, em especial depois do chamado Euromaidan, a revolta popular que pôs fim, em 2014, ao governo de Viktor Yanukovich, aliado do Kremlin.
O movimento também serviu de pretexto para o conflito no Leste ucraniano, com o apoio de Moscou aos separatistas, e está relacionado à anexação da Península da Crimeia, que havia sido cedida à Ucrânia na era soviética, naquele mesmo ano.
Ao abordar a situação na região de Donbass, onde ficam as duas regiões separatistas, Putin acusou as autoridades de Kiev de tentarem banir o idioma russo através de leis que privilegiam o uso do ucraniano e de reprimir a Igreja Ortodoxa russa. Ele atacou o que chamou de “fluxo de armamentos” enviados à Ucrânia, criticou a presença de militares estrangeiros , em especial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no país, e acusou o governo de Kiev de buscar obter armas nucleares.
Putin se referiu a um susposto desejo de Kiev de violar o chamado Memorando de Budapeste, de 1994, pelo qual as ex-repúblicas soviéticas da Ucrânia, da Bielorrússia e do Cazaquistão concordaram em entregar os arsenais nucleares soviéticos ao controle russo em troca de garantias de segurança por parte de Moscou. Indo além, afirmou que a Ucrânia poderia ser usada como plataforma para um ataque futuro da Otan contra a Rússia.
— Se a Ucrânia se juntasse à Otan, ela serviria como uma ameaça direta à segurança da Rússia — afirmou.
Segundo o Kremlin, a decisão foi informada aos líderes da Alemanha, Olaf Scholz, e da França, Emmanuel Macron, que ficaram "consternados" ao final das conversas com o presidente russo. Logo depois do anúncio, as TVs russas mostraram comemoração em áreas de Donetsk e Luhansk.
No começo da reunião do Conselho de Segurança, Putin disse que “o destino da Ucrânia se decide hoje”. Em seguida, afirmou que era necessário considerar os apelos dos representantes de Donetsk e Luhansk, acrescentando que um reconhecimento da independência não significaria a anexação das regiões à Rússia.
Mais cedo, forças de segurança da Rússia afirmaram que militares e guardas de fronteira impediram “um grupo de reconhecimento e diversionismo" de violar a fronteira do país a partir do território ucraniano e que cinco pessoas foram mortas para impedir a incursão. "Nos combates, cinco pessoas de um grupo de sabotadores violaram a fronteira russa e foram mortas", disse um comunicado.
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