No Outubro Verde, mês de conscientização sobre a transmissão da Sífilis Congênita, dados apontam aumento nos casos da doença sexualmente transmissível em Maceió, que se dá de forma vertical, podendo ser passada da mãe para o feto.
Em 2021, Maceió notificou 1180 casos de sífilis. Já em 2022, até o mês de setembro, a capital alagoana registrou 1206 casos adquiridos. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS).
De acordo com os dados, em 2021, Maceió registrou 448 casos de sífilis em gestantes e 224 crianças. Até setembro de 2022, foram 351 em gestantes e 136 congênita.
Ao Cada Minuto, a técnica da Gerência de IST/Aids e Hepatites Virais, Tereza Carvalho explica que a Secretaria de Saúde de Maceió promove ações da campanha Outubro Verde. De acordo com a Gerência, as atividades ocorrem durante todo o mês e tem o objetivo de levar uma mensagem sobre prevenção e importância do diagnóstico precoce.
“As ações da campanha Outubro Verde são salas de espera, ofertas de testes rápidos, VDRL [exame utilizado como rastreio da sífilis], educação permanente para profissionais de saúde”, informa Carvalho.
Para ela, o objetivo das atividades promovidas no mês de prevenção e combate à sífilis congênita é ampliar o debate em torno da prevenção e tratamento em tempo oportuno.
A técnica do IST destaca ainda que a mobilização deste mês tem como público-alvo profissionais de saúde, estudantes das áreas da saúde, mulheres em idade fértil e gestantes.
Tereza explica quais as atividades que serão desenvolvidas pelos profissionais de saúde.
“Prevenção, diagnóstico e tratamento de IST com ênfase em sífilis, importância do pré natal”, explica.
Ela expõe que as palestras têm o objetivo de reduzir os indicadores de saúde relacionados ao agravo sífilis, seja ela adquirida ou congênita.
Infectologista alerta sobre riscos
O médico infectologista, Fernando Maia, afirma que as campanhas educativas, como o Outubro Verde, são importantes estratégias de saúde pública, que auxiliam a população a ter conhecimento da doença.
“Ela chama a atenção das pessoas e estimula a fazer o teste sempre que possível. É fundamental para a contenção de sífilis e de outras doenças que são feitas em outras campanhas semelhantes”, diz.
Ele explica que a sífilis é uma doença contagiosa, com transmissão, principalmente, de forma sexual e pode atingir qualquer pessoa. “Também pode ocorrer através da transfusão de sangue. Existe ainda a transmissão vertical, que é de mãe para filho, quando ele ainda está no ventre”.
O médico destaca que a sífilis, na maioria dos casos, não causar maiores consequências,
mas pode evoluir para uma forma muito grave, com sequelas permanentes, e até levar à morte. “Tanto crianças, como adultos podem desenvolver a forma mais severa, chamada sífilis terciária”.
Maia alerta que as grávidas têm grande risco de transmitir para os filhos, caracterizando a sífilis congênita, que é uma forma muito grave. “Pode causar má formação permanente e inclusive, morte, atraves do aborto ou da chamada natimortalidade, quando a criança nasce morta”.
“Então é muito importante que todas as gestantes façam precocemente o teste para saber se estão ou não com a doença e iniciar o tratamento imediatamente. O ideal é que as mulheres façam o tratamento antes de engravidar, caso saiba que está contaminada”, informa.
Com relação ao diagnóstico, o especialista diz que é de fácil acesso através de teste disponível em qualquer Posto de Saúde ou Unidade de Pronto Atendimento (Upa).
“É realizado o teste rápido, e depois, caso seja positivo, é realizado o VRDL, um exame muito antigo e que a maioria dos laboratórios fazem. Depois, a pessoa é encaminhada para tratamento, na maioria das vezes na própria unidade de saúde”, explica.
Fernando ressalta ainda a importância do diagnóstico precoce, sendo fundamental como estratégia de saúde pública para evitar o avanço da sífilis.
“É necessário para que se faça o tratamento mais cedo possível para evitar a evolução da doença, formas graves e também porque o tratamento precoce diminui o risco da pessoa transmitir a doença para outras pessoas, principalmente através da relação sexual”, finaliza.
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