Na abertura do congresso que deve confirmar seu terceiro mandato, o presidente da China, Xi Jinping, disse neste domingo (16) que quer o controle total de Taiwan e que o direito de usar a força na ilha autogovernada não será renunciado.
Em um discurso marcado pela expansão e aumento da segurança nacional, Xi Jinping abriu oficialmente o 20º Congresso do Partido Comunista, a reunião de mais de 2.000 membros do partido único que comanda a China e que acontece a cada cinco anos. É no encontro que o líder chinês é escolhido - o país não tem eleições diretas para presidente, e a votação é feita através de colégios eleitorais.
No fim do congresso, no próximo sábado (22), um terceiro mandato de Xi à frente do país deve ser confirmado, o que o tornará o líder mais longevo e poderoso da China desde Mao Tsé-Tung.
"A resolução de Taiwan é uma questão para os próprios chineses decidirem. Insistimos em lutar pela perspectiva de uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e com o maior esforço", discursou Xi Jinping.
Ele também disse que a China alcançou controle abrangente sobre Hong Kong, para ele, mudando a situação na cidade "do caos para a governança".
No discurso deste domingo, mais enxuto - durou 1h45, a metade do tempo do pronunciamento de Xi no último congresso, em 2017 - o presidente chinês sinalizou que a segurança nacional e a luta por dominar Taiwan - ilha autogovernada que Pequim alega ser parte de seu território - devem ser a prioridade de seu eventual terceiro mandato.
Com poucas referências à economia, afetada por conta da pandemia e de sua rígida política de "Covid zero", Xi Jinping defendeu sua atuação para conter o vírus no país. As medidas do líder chinês, criticadas até pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda estão em vigor e preveem períodos longos de confinamento total.
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Mulher e filha em região de confinamento em Xangai, na China, em maio de 2022. — Foto: Reuters
Em cidades como Xangai, ruas inteiras e condomínios foram isolados com tapumes, e houve denúncias de que funcionários de saúde entraram nas casas de moradores para fazer testes de Covid à força. O governo nega.
No pronunciamento, Xi também falou da polêmica política de controle de natalidade do país. Ele disse que seu governo adotará políticas para aumentar a taxa de nascimentos, que está em declínio após décadas da chamada "política de filho único" no país, que estabelecia multas a casais que tivessem mais de um filho.
"Vamos estabelecer um sistema de políticas para aumentar as taxas de natalidade e buscar uma estratégia nacional proativa em resposta ao envelhecimento da população", discursou.
Xi Jinping não mencionou diretamente a guerra da Rússia na Ucrânia - seu governo é aliado do presidente russo, Vladimir Putin -, mas disse que o mundo atual enfrenta "testes severos".
Taiwan não vai recuar
Em reação ao discurso do líder chinês, o gabinete presidencial de Taiwan disse neste domingo (16) que não vai recuar em sua soberania ou comprometer a liberdade e a democracia, e seu povo se opõe claramente à ideia de Pequim de "um país, dois sistemas" de gestão para a ilha.
No pronunciamento, Xi Jinping reiterou a posição chinesa contra a independência da região, acrescentando que criticava "os separatistas e suas atividades, e não os compatriotas de Taiwan em geral".
Manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e na região é responsabilidade comum de ambos os lados e o encontro no campo de batalha não é uma opção, disse o gabinete presidencial de Taiwan em comunicado.
Em agosto, Taiwan foi o epicentro de uma das maiores crises diplomáticas entre Estados Unidos e China da última década. A ilha é um dos territórios mais indefinidos do atual cenário geopolítico mundial - e um dos mais estratégicos para potências mundiais.
A visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha, foi vista como uma provocação por Pequim, que considera Taiwan parte de seu território. O governo chinês respondeu com diversos exercícios militares que invadiram o espaço aéreo e o marítimo de Taipei.
g1