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14/10/2022 21:00:00

Eleições: “A vantagem das democracias é que tudo é possível, inclusive a virada de jogo”, avalia cientista político

Eleições: “A vantagem das democracias é que tudo é possível, inclusive a virada de jogo”, avalia cientista político

As eleições deste ano trouxeram renovação à Assembleia Legislativa do Estado e ao Congresso Federal. Em Brasília, cinco dos nove deputados federais eleitos estarão em seu primeiro mandato; no Senado, também é a primeira vez que Renan Filho ocupará o cargo no Legislativo. Já para a presidência e o governo de Alagoas, a disputa irá ao segundo turno, que acontece no próximo dia 30 de outubro.

Para o cientista político Ranulfo Paranhos, o resultado final do pleito foi dentro do esperado e não contrastou com o cenário geral que as pesquisas apontavam. Ele explica que na reta final das campanhas, entre a sexta-feira e o domingo de eleição, há uma melhor definição dos votos, especialmente dos eleitores indecisos.

“Quando a gente olha para o Brasil, as projeções davam Lula com 48% e Bolsonaro chegou a 37%. No geral, Lula manteve os seus 48 pontos e Bolsonaro cresceu muito, aquela história do ‘voto envergonhado’, no final das contas, foi para ele. Isso continua dentro do esperado. Não teve nada fora do que as pesquisas tinham apontado”, reforçou.

Na disputa à presidência, Ranulfo destaca que Lula recebeu o apoio de Simone Tebet e do Ciro Gomes, mas ressalta que o ex-presidente ainda precisa de 1,5 pontos para a vitória. “Se a gente tomar como ponto de partida o primeiro turno, então eu acho que também não tem surpresa do ponto de vista de uma virada. Nem no cenário nacional, nem no cenário local”.

Ranulfo Paranhos

Cenário para governador

Para o governo do Estado, o especialista lembra que Paulo Dantas precisa de menos de quatro pontos percentuais para vencer as eleições e também acrescenta“Ele é o candidato que está concorrendo à reeleição, ele tem a máquina pública, ele tem um número maior de prefeitos. Então é muito difícil, para um candidato que ficou 20 pontos atrás e que não consegue responder à pergunta sobre quem é o seu candidato à presidência da república, conseguir virar esse jogo”.

Ranulfo menciona que a vantagem das eleições em democracias é que tudo é possível, inclusive a virada de jogo. 

Sobre a importância do apoio de deputados e senador eleitos aos candidatos ao governo, o cientista político afirma que esses cabos eleitorais tendem a “desaparecer” no segundo turno, porque para eles é um “jogo de soma zero”.

“Os candidatos que ganharam estão pensando em descansar, festejar e pagar suas contas. E os que perderam, em encontrar erros, se projetar para daqui a dois anos e pagar suas contas. Então eu acho que o efeito desses cabos eleitorais é muito pequeno”, disse.

 

Crescimento da direita

Sobre a eleição de parlamentares de direita, Ranulfo explica que não há como explicar as causas de um crescimento ou uma diminuição logo após o pleito, porque são questões muito circunstanciais.

“O voto no Brasil ainda tem uma característica muito personalista, então os indivíduos olham muito para a persona, ainda que essa persona represente um conjunto de ideologias ou um conjunto de propostas, mas está muito envolvido com a figura do candidato”, citou.

Em Alagoas, de acordo com o cientista político, o voto está mais relacionado a bases eleitorais e a prefeitos que apoiam determinado candidato. 

“Não que ideologia não conte, mas eu acho que a melhor forma de tentar explicar é [avaliando] quem conseguiu estabelecer mais bases, quem conseguiu estabelecer melhores contatos", disse.

Mais mulheres

Na ALE, a bancada feminina será a maior da história do estado, com seis deputadas estaduais eleitas. Para Ranulfo, apesar do número, o sobrenome possui muito peso para a eleição do Legislativo estadual, principalmente no caso das mulheres.

“Quando a gente olha para a Assembleia Legislativa do estado de Alagoas, e isso não é uma característica só do estado, isso é uma característica do Brasil inteiro, mas está muito mais relacionado ao sobrenome. Os herdeiros políticos são mulheres”, explicou.

“Isso está muito mais relacionado a grupo político, tradição, estrutura e apoio. E menos às políticas que tentam legislar em defesa de mais mulheres no parlamento”, frisou.

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