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Polícia
08/10/2022 05:00:00

Polícia investiga atuação de falso juiz para aplicar golpes com homem que se passava por advogado em AL

O falso advogado foi preso em flagrante enquanto realizava uma audiência que não existia em um fórum

Polícia investiga atuação de falso juiz para aplicar golpes com homem que se passava por advogado em AL

O caso do homem que se passava por advogado para aplicar golpes nas vítimas em Alagoas ganha novos desdobramentos nas investigações. De acordo com o delegado do caso, Sidney Tenório, a Polícia Civil trabalha para identificar a pessoa que agia como cúmplice do falso advogado se passando por um juiz.

O advogado foi preso em flagrante nessa segunda-feira (3), enquanto realizava uma audiência que não existia no fórum localizada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Ele foi levado para a Central de Flagrantes, no bairro do Pinheiro, mas foi liberado em seguida e agora é investigado em Inquérito Policial.

No dia em que foi preso, uma advogada profissional registrou um Boletim de Ocorrência após ser informada que esse falso advogado estava usando o registro da Ordem dos Advogado do Brasil (OAB) dela como se dele fosse para enganar as vítimas. Segundo a OAB, por meio da Comissão de Fiscalização e Combate a Irregularidades da Advocacia, o homem não tem permissão para trabalhar como advogado.

Nos relatos das vítimas que prestaram depoimento à polícia, o homem que se passava por advogado agia com outra pessoa que se apresentava como juiz. O delegado Sidney Tenório afirmou que a polícia investiga para identificar essa segunda pessoa. Se identificada, ela pode responder, dentre outras coisas, pelo crime de usurpação da função pública.

Uma das vítimas, um homem que preferiu não se identificar disse em entrevista à TV Gazeta, que conheceu o falso advogado por meio de indicação de uma pessoa da confiança dela. Afirmou ainda que foi difícil para ele perceber que estava sendo vítima de um golpe. Isso porque, a vítima diz que o falso advogado e o falso juiz chegaram até a realizar uma audiência virtual de 40 minutos.

"Ela [pessoa de confiança da vítima] me apresentou. Me falou muito bem dele, que tinha conhecido ele como defensor público, mas que ele passou a atender nessa área particular. Então, no início de abril, eu entrei em contato com ele pelo WhatsApp, começamos a conversar, e falei dos processos que eu tinha no 3º juizado e ele passou a me defender nesses processos", relata o homem em entrevista à TV Gazeta.

A vítima disse que participou de uma audiência remota que só agora ele percebe que foi forjada.

"Não dá para desconfiar. O cara é muito bem instruído. Eu tive uma chamada de vídeo com ele, com o suposto juiz, o cara me interrogou por 40 minutos. Não tem como você dizer que o cara está contando história. Ele sempre bem trajado, terno e gravata, como advogado se veste. Entrei com ele no cartório. Eu tenho um documento, um mandado de segurança, feito dentro do cartório com ele e acabei caindo nesse golpe", conta uma das vítimas.

Outra pessoa que também caiu no golpe procurou a polícia para registrar Boletim de Ocorrência. Ela, uma mulher, disse que precisou entrar com um processo contra duas empresas e recebeu indicação dos serviços do falso advogado através de uma pessoa da confiança dela.
"Me encontrei com ele no famoso escritório que é no Centro e a gente deu andamento nos processos que não existem. Porém as minhas audiências já estariam marcadas, as duas referentes ao banco e à empresa e agora é que a gente descobriu que não existe nenhuma audiência marcada".

Ela mostrou os documentos e registros dos números das contas bancárias que o golpista passava para ela realizar pagamentos de taxas dos processos.

"Eu nunca iria imaginar que poderia existir uma pessoa que chegasse a prejudicar tanta gente, a tirar dinheiro de tantas pessoas, porque ele tirou muito, mediante esses mandados de segurança falsos. Inventava situações de processos, denúncias que você estava sofrendo, para você ter que pagar mandado de segurança que não existe. Mediante conversas com profissionais da advocacia fui informada que não existe você pagar mandado de segurança para juiz", relata a mulher que também preferiu não se identificar.

Em depoimento, ele afirmou que estudava Direito em uma instituição de ensino de Maceió. À Gazetaweb, o vice-presidente da Comissão de Fiscalização e Combate a Irregularidades da Advocacia pelo próprio fórum, de acordo com o vice-presidente da comissão, Julio Sampaio, a unidade de ensino informou à OAB que ele não está matriculado no curso da instituição.

O falso advogado foi preso em flagrante, mas foi solto em seguida.

"Quando ele foi levado para a Central, o delegado plantonista optou em fazer apenas o procedimento sumário, avaliou somente aquele crime, do exercício ilegal da advocacia, deixando para o momento posterior do inquérito policial que se chegasse a materialidade e indícios de autoria de outros crimes mais graves, como por exemplo: extorsão, estelionato, usurpação da função pública por parte da outra pessoa que também participava da audiência simulando ser um juiz. A gente está trabalhando, inclusive, para identificá-la. Por isso que ele foi solto. Não quer dizer que no decorrer do processo não venha a ser pedido medida cautelar contra ele", explicou o delegado do caso, Sidney Tenório.

gazetaweb