Um vídeo publicado nas redes sociais mostra o momento em que uma criança russa se despede do pai, levado para o serviço militar na Ucrânia na última quinta-feira (22).
O registro, compartilhado por um repórter da BBC, não mostra a menina, mas é possível ouvir ela gritando: "Papai, adeus... Por favor, volte. Papai, tchau, papai..."
Sem resposta, ela chora inconsolavelmente enquanto o pai — em algum lugar no grupo de recrutados da cidade de Stary Oskol — sai lentamente.
Os homens — que estão perto da fronteira com a Ucrânia na região de Belgorod — foram os primeiros dos recém-recrutados a darem adeus aos entes queridos e irem para o front. Um vídeo da despedida, compartilhado por um jornalista do The Guardian, viralizou nas redes sociais e já acumula 2,6 milhões de visualizações e mais de 20 mil curtidas.
Entretanto, segundo informações do tabloide Daily Mail, era preciso ao menos um mês de treinamento para que eles fossem enviados ao campo de batalha.
Na quarta-feira (21), Vladimir Putin anunciou que 300 mil pessoas com experiência anterior em combate ou habilidades especializadas seriam enviadas para as linhas de frente na Ucrânia.
No entanto, a ordem oficial foi publicada sem um parágrafo. O porta-voz de Putin diz que a informação apagada está relacionada ao número de pessoas que podem ser chamadas. Uma fonte dentro do palácio presidencial afirma que estaria escrito "1 milhão".
"O número [de pessoas a serem chamadas] foi corrigido várias vezes e, no final, eles chegaram a 1 milhão", disse a fonte ao jornal de oposição Novaya Gazeta.
O canal no Telegram General SVR, que alega ter fontes internas do Kremlin, também disse que o número de 300 mil era "falso", dizendo que a meta real é de 500 mil este ano e 500 mil no próximo. Além disso, afirmou que a "estimativa geral de perdas até março do próximo ano é de cerca de 300 mil mortos e feridos".
O documento também não menciona a experiência anterior de combate e não estabelece limites para quem pode ser convocado, exceto aqueles que são muito velhos, doentes ou presos — abrindo a porta para praticamente qualquer pessoa ser convocada.
Estudantes universitários, por exemplo, foram vistos em vídeo sendo levados pela polícia para um serviço de guerra na Buriácia — no extremo leste da Rússia — o que ocorreu um dia após o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, prometer que os alunos do ensino superior não seriam alistados.
O mesmo aconteceu na Chechênia e na Yakutia, em que registros mostraram um grande número de homens — alguns deles de meia-idade — sendo carregados em ônibus para levá-los à guerra.
As notícias da mobilização provocaram fúria em toda a Rússia, com mais de 1.400 pessoas presas em manifestações em pelo menos 38 cidades na quarta-feira.
O anúncio de Putin também levou a um êxodo em massa, o que fez com que o tráfego nas fronteiras com a Finlândia e a Geórgia subisse e os preços das passagens aéreas para fora Moscou disparassem e até se esgotassem.
r7