Brayan Yanarico Capcha, de 5 anos, era filho de bolivianos e morava na Vila Bela, zona leste de São Paulo. Na noite do dia 28 de junho de 2013, cinco ladrões invadiram a residência da família e roubaram R$ 4.500. Antes de irem embora, um deles atirou na cabeça do garoto por ter se irritado com o choro. Como ato de vingança, o Primeiro Comando da Capital (PCC) obrigou alguns deles a tomarem o ‘coquetel da morte’. As informações são do colunista do UOL Josmar Jozino.
Devido à grande repercussão, a Polícia Civil cercou o bairro à procura dos criminosos. Isso fez com que a venda de maconha e cocaína na região fosse paralisada. O que causou prejuízos para o PCC.
Nesse momento, a facção criminosa organizou um “tribunal do crime” e decretou a morte dos cinco ladrões.
A Polícia Civil identificou dois dos cinco criminosos. Paulo Ricardo Martins, de 19 anos, e um adolescente, 17, foram presos.
Com medo de ser morto pelo PCC, Felipe dos Santos Lima, 18, se entregou ao 49° Distrito Policial (São Mateus) na companhia do advogado David Ferreira Lima.
Após serem presos, Felipe e Paulo foram transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Santo André (SP).
Em vez de serem colocados na área de segurança, os dois foram levados para a cela 46 do Pavilhão 4, que era comandada pelo PCC.
Ambos foram torturados e agredidos durante o banho de sol. Depois, tiveram de tomar o “coquetel da morte”, também conhecido como “Gatorade”, que é uma mistura de Viagra, cocaína, água e creolina.
Horas depois, Felipe e Paulo morreram de overdose.
O advogado David Ferreira Lima disse que acreditou que o seu cliente ficaria seguro após se entregar. Para ele, o Estado não garantiu a integridade física do detento.
Depois da abertura de um processo, a Justiça entendeu que falhou e indenizou a família de Felipe por danos morais no valor de R$ 26.400, em 2016. A Secretaria da Fazenda de São Paulo foi condenada a pagar a mesma quantia para os pais de Paulo, em 2017.
Nenhum funcionário do CDP foi responsabilizado criminalmente pela morte dos dois jovens.
Diego Rocha Freitas Campos, 20, que assassinou Brayan, foi reconhecido pelos pais do garoto.
Antes que a Polícia Civil o encontrasse, ele foi localizado pelo PCC.
O tio do rapaz, que possuía antecedentes criminais, foi obrigado a matar o sobrinho ou seria morto pela facção. O homem cumpriu a ordem e assassinou Diego Rocha com diversos tiros.
O seu corpo foi encontrado pela polícia no dia 7 de julho de 2013.
No mesmo dia, o PCC também assassinou Wesley Soares Pedrosa, 19, com um tiro na cabeça. O seu corpo foi localizado três dias depois.
Edilberto Yanarico e Verónica, pais de Brayan, retornaram para a Bolívia após o assassinato do garoto.
O corpo do menino foi enterrado em um cemitério do departamento de La Paz.
Istoé