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Coronavirus
05/03/2022 08:00:00

Número de mortes de idosos por Covid cresce e indica necessidade da quarta dose

Dados de fevereiro de dois grandes hospitais de SP e Rio mostram aumento no número de óbitos de idosos com terceira dose aplicada em novembro

Número de mortes de idosos por Covid cresce e indica necessidade da quarta dose

Os idosos voltaram a se destacar entre as principais vítimas da Covid-19 mais de dois anos após o início da pandemia, o que indica que uma quarta dose de imunizante pode ser fundamental para proteger essa faixa etária.

A necessidade do segundo reforço já vinha sendo estudada, mas a rápida disseminação da Ômicron no início deste ano deixou ainda mais clara a vulnerabilidade daqueles que concluíram o esquema vacinal há mais de quatro meses e são particularmente frágeis.

Mato Grosso do Sul, por exemplo, já começou a aplicar a quarta injeção nos mais velhos e São Paulo prevê iniciar essa nova fase da campanha em abril.

Levantamentos feitos em dois dos maiores hospitais de referência para o tratamento da Covid-19 no país (Emílio Ribas, em São Paulo, e Ronaldo Gazolla, no Rio) revelaram que, no início de fevereiro, de 70% a 90% dos mortos pela doença eram pessoas não vacinadas ou com o esquema de vacinação incompleto. No fim de fevereiro, porém, esse porcentual caiu para aproximadamente 50%, o que revela nova mudança no perfil das vítimas. Na outra metade, a maioria são idosos que tomaram a terceira dose em novembro.

"Nas primeiras três semanas da disseminação da Ômicron, [praticamente] 100% dos mortos eram não vacinados, com o esquema vacinal incompleto ou imunossuprimidos [transplantados, pacientes de câncer, entre outros]", afirma o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu.

"Agora, esse grupo representa 50% dos mortos, e os outros 50% são idosos já com as três doses; a diferença é que eles tomaram essa terceira dose há mais de três meses e a imunidade deles começou a cair." Botucatu, no interior paulista, também já iniciou a aplicação da quarta injeção nos mais velhos.

A primeira onda da Covid-19 no Brasil foi entre abril e outubro de 2020. A segunda onda, muito pior, foi de dezembro de 2020 a junho de 2021, com dias que superaram 3.000 óbitos e colapso do sistema público de saúde em várias cidades.

O começo da vacinação, em janeiro do ano passado, fez com que a média de idade das vítimas baixasse significativamente, uma vez que os idosos foram os primeiros a ser imunizados.

No fim de 2021, o surgimento da variante Ômicron, mais transmissível, favoreceu a rápida disseminação da nova cepa no país a partir de janeiro deste ano, o que marcou uma terceira onda da pandemia no Brasil, segundo especialistas.

"As vacinas foram desenvolvidas para o Sars-CoV2 de antes das mutações e apresentavam proteção alta, acima de 80% para infecções leves e acima de 90% para infecções graves e óbitos", diz a infectologista Ethel Maciel, da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

"Com o surgimento das novas variantes, sobretudo da Ômicron, houve redução significativa da proteção para os casos mais leves, ainda que ela tenha se mantido acima dos 80% para casos graves e mortes."

O número de óbitos voltou a ultrapassar a marca das 1.000 vítimas diárias em meados de fevereiro, embora não tenha aumentado na mesma proporção do número de casos, que ultrapassou 200 mil infectados por dia. Enquanto a letalidade da doença no Brasil ao longo da pandemia variou de 2% a 4%, nesta última onda ela não passou de 0,4%, o que revela o efeito da imunização.

Agora, um dos grandes desafios da imunização contra a Covid-19, segundo especialistas, é a menor eficácia da vacina justamente na parcela mais velha da população. Por causa do fenômeno conhecido como imunossenescência, os maiores de 70 anos são menos protegidos pelos imunizantes do que a população em geral. E essa proteção tende a cair ainda mais quatro a cinco meses depois da vacinação completa.

R7