Após proferir ofensas antissemitas contra um vizinho judeu, em uma briga por conta de uma vaga de garagem, um morador de um condomínio fechado no Morumbi, bairro nobre da Zona Oeste de São Paulo, foi condenado a um ano de prisão por injúria racial.
Na decisão, de janeiro deste ano, do juiz Waldir Calciolari, da 25ª Vara Criminal do Fórum Barra Funda, a pena foi substituída por serviços à comunidade, por se tratar de um réu primário.
A defesa do condenado argumentou que ele repudia a intolerância religiosa e que tem absoluto respeito pela comunidade judaica.
O caso começou em julho de 2019. O empresário Charles Robert Zyngier, de 49 anos, percebeu que sua vaga na garagem estava ocupada por um carro estacionado na transversal, que o impedia de sair com sua moto. O veículo pertencia ao filho do vizinho Marcelo Izar Neves, de 55 anos.
Zyngier então esvaziou os pneus do carro. Marcelo viu a situação e perguntou qual a religião do vizinho e se ele não tinha ‘Deus no coração’. Foi quando ele começou a disparar ofensas antissemitas e ameaças de morte, de acordo com o depoimento de Zynger no 34º DP (Morumbi).
"Ele gritava: 'judeu filho da puta, eu vou te matar', e xingou minha mulher de vagabunda", disse a vítima.
Um ano depois, os vizinhos voltaram a se desentender. Dessa vez, na porta da garagem onde Zyngier estava parado com sua moto. Neves teria dado um tapa na cara do vizinho, arrancado seu celular e gritado injúrias raciais: "Por isso que os judeus se foderam na vida, Hitler estava certo, a raça de vocês, judeus, não presta". Em depoimento, funcionários do condomínio confirmaram as agressões racistas.
"É algo muito inaceitável", diz a vítima, que revela ter desenvolvido sintomas de ansiedade. "Nunca tinha sofrido nenhuma agressão e, agora, entro no meu prédio com medo, olho para os lados. Minha esposa passou um ano fora de São Paulo porque ficou com medo também".
Zyngier também conseguiu na Justiça uma medida protetiva contra o agressor, que ficou impedido de se aproximar dele e de sua família. A decisão acatou pedido da Conib (Confederação Israelita do Brasil), que interveio no caso.
O boletim de ocorrência revela que Neves também agrediu outra família do condomínio. Ele invadiu o salão de festas durante um aniversário infantil e deferiu insultos antissemitas. A Justiça também concedeu medida cautelar nesse caso.
Os vizinhos ainda moram no mesmo prédio.
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