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Acidente
02/11/2021 11:00:00

Especialista avalia cenário econômico para 2022 e afirma que saída é “política, mas difícil”

Especialista avalia cenário econômico para 2022 e afirma que saída é “política, mas difícil”

Sentida no crescimento do desemprego e no aumento do preço de itens de primeira necessidade, como alimentos, gás de cozinha, combustíveis e energia elétrica, a crise econômica agravada em razão da pandemia está longe ou mais próxima do fim? Quais as perspectivas para 2022 em relação ao país e ao mundo? O CadaMinuto ouviu o economista e professor Cícero Péricles Carvalho para trazer um panorama aos leitores e, paralelamente, reuniu em uma espécie de “guia” dicas de diversas entidades sobre formas de economizar na conta de energia e na hora de ir às compras e abastecer o carro. 

Em uma primeira análise, o economista resumiu que “o Brasil vive, nestes meses de final de ano, uma conjuntura marcada pelo baixo crescimento da economia, somado a elevação da inflação e desemprego alto. Esta semana, o Banco Central fez uma previsão de crescimento de menos de 5% para este ano, uma taxa ruim porque no ano passado a economia retrocedeu 4,1%, ou seja, quase não teremos crescimento. Nos 12 últimos meses, a inflação alcançou 10,3%, com aceleração desde o mês de julho”. 

Por outro lado, prosseguiu ele, “o IBGE anunciou, também esta semana, que o nível de desemprego é alto, atingindo 13,7 milhões de pessoas, com queda recorde de renda e ampliação do trabalho informal. Um cenário difícil que não deverá ser modificado tão rapidamente, tanto que o Banco Central está prevendo para 2022 uma taxa de inflação de 4,4%, numa economia que deverá crescer apenas 1,4%”. 

Para Cícero Péricles, a tendência da inflação é manter-se em patamares elevados, principalmente no primeiro semestre de 2022. “As duas maiores razões são os combustíveis e os alimentos. A política de preços dos combustíveis, adotada em 2016, vinculando o preço da gasolina e do diesel ao valor do barril do petróleo no mercado internacional está se mostrando um equívoco. O preço do petróleo subiu de 32 dólares em março do ano passado para os atuais 84 dólares, com tendência de alta. O câmbio é outro grande problema. Em junho deste ano, o dólar estava cotado a 4,9 reais e agora a R$5,6. A excessiva desvalorização do real decorre das instabilidades e incertezas na política nacional, penalizando todos os preços, seja dos combustíveis ou do gás de cozinha, cujo valor já supera 10% de um salário mínimo atual”, explicou. 

Conforme o especialista, outro equívoco foi desarmar o sistema de estoques reguladores de alimentos, baseado na Conab, que foi esvaziada: “Como os preços internacionais estão altos e atraentes, o país está exportando quase tudo o que produz na área agrícola, da soja ao açúcar, do milho à carne, e o abastecimento interno foi dolarizado, vinculando o preço dos alimentos aos preços internacionais. O resultado estamos vendo nos supermercados. A subida nos preços dos combustíveis e alimento se espalha pelos demais produtos e serviços, do transporte ao mercadinho”. 

Situação em Alagoas 

O cenário nacional, obviamente, se reproduz nas regiões do país de forma diferenciada, aponta o especialista, lembrando que, quanto mais pobre, mais impacto a região sofre. “No caso alagoano, a combinação da inflação com o desemprego é muito mais sentida que nos estados ricos. A taxa de desemprego em Alagoas é de 18,8%, são 250 mil desempregados, 260 mil ‘desalentados’, pessoas que desistiram de procurar emprego, e mais 140 mil trabalhadores em tempo parcial. Esse conjunto de 650 mil pessoas pressiona o mercado de trabalho e empurra para baixo o salário médio de quem está ocupado, daí que a renda estadual média alagoana é mais baixa que a nordestina”. 

Na análise de Cícero Péricles, os setores da economia estadual estão reagindo, mas ainda distantes de uma dinâmica que atenda à demanda desse conjunto social.  

“A agricultura de alimentos está na sua estiagem, até março. A safra da cana estabilizou-se num patamar 30% menor que há dez anos; a indústria é pequena, ainda que a cadeia químico-plástica tenha crescido; a construção vive um processo de crescimento, mas está sofrendo com sua própria inflação, que chega a 21% nos últimos doze meses. Os dois grandes setores – comércio e serviços – foram impactados pela pandemia, estão sendo castigados pela inflação e acumulam três anos de resultados negativos. Um segmento importante – o turismo – vem se recuperando e deve apresentar uma boa ‘alta estação’ neste final de ano, mas sem ainda alcançar o ritmo pré-pandemia”, avaliou.  

População no CadÚnico 

O economista explica que, neste cenário, aumenta a dependência da economia em relação aos programas de transferência de renda. O número de inscritos no Cadastro Único para Políticas Sociais, o CadÚnico do governo federal, vem crescendo e alcança 1,7 milhão de alagoanos, mais da metade da população.  

No ano passado, o Auxílio Emergencial, com pagamentos a 1,2 milhão de alagoanos, impactou fortemente a renda dos segmentos mais pobres; foi suspenso nos quatro primeiros meses deste ano e voltou para um público mais reduzido e com um valor menor.  

“A partir de novembro, a novidade é a passagem do Bolsa Família para o Auxílio Brasil. O novo programa deverá integrar os 425 mil beneficiários do Bolsa e ampliar com mais 48 mil famílias ‘pobres’ inscritas no Cadastro Único. O programa terá um pagamento mensal maior que o Bolsa Família, mas será um valor e grau de cobertura menores que o do Auxílio Emergencial, e menor ainda que os pagamentos da Previdência Social que, em Alagoas, tem 540 mil beneficiários, aposentados e pensionistas, que, todos os meses, recebem R$ 880 milhões”, completou o professor.     

Luz no fim do túnel 

Questionado se há possibilidade de mudanças no cenário econômico do país e, consequentemente de Alagoas, nos próximos meses, Cícero Péricles respondeu que sim, afirmando que a saída “é política, mas é difícil”, e pontou algumas das medidas que podem ser tomadas para isso.   

“Diante desses resultados negativos e das expectativas de continuidade deste cenário, é provável que ocorram mudanças no próximo ano. O governo federal poderá influenciar a política de preços da Petrobras, porque é o maior acionista dessa empresa estatal; poderá retomar o antigo sistema de armazenamento e preços da Conab; poderá ampliar os investimentos em setores que gerem mais empregos; o Banco Central poderá ter papel mais ativo sobre o câmbio e assim por diante. São decisões políticas que, num ano eleitoral, têm mais chances de ocorrer”, finalizou. 

Entidades divulgam dicas sobre como economizar em itens essenciais 

 No supermercado 

Com a alta dos alimentos nas feiras, mercados e supermercados, o engenheiro agrônomo do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater), Leandro Benatto, deu algumas dicas de como economizar na hora de comprar frutas e verduras. 

Por meio da assessoria de Comunicação da Emater, Leandro disse que, para diminuir os gastos e fugir dos preços altos, é mais interessante consumir alimentos da época, por causa do ciclo natural e do tempo de colheita, que diminui a intervenção humana, causando o barateamento das frutas e verduras. 

“A recomendação vale tanto por causa do preço, quanto pela forma de produção, mais saudável e livre de agrotóxicos. Porém, se o consumidor quiser buscar uma fruta que esteja fora de época, deve ficar ciente que, para a produção deste alimento, será necessário um maior manejo da planta, adubação, entre outros fatores que elevarão seu valor final”, explicou. 

A propósito, ainda conforme Leandro, os alimentos que estão em época de colheita são as seguintes frutas e verduras: laranja, banana, melancia, abacaxi, maracujá, quiabo, berinjela, vagem, maxixe e alface.  

Energia elétrica 

Já a Equatorial Alagoas, também por meio de sua assessoria de Comunicação, elencou uma série de dicas sobre como economizar energia elétrica. Em relação ao uso do chuveiro elétrico: tomar banhos mais curtos, de até cinco minutos; selecionar a temperatura morna no verão; e optar por chuveiros com regulagem de temperatura eletrônica gradual. 

No caso de ar condicionado: não deixar portas e janelas abertas quando o ar condicionado estiver em funcionamento; manter os filtros sempre limpos; diminuir ao máximo o tempo de utilização do aparelho de ar condicionado; e colocar cortinas nas janelas de ambientes que recebem sol direto. 

Em relação as geladeiras, os consumidores devem evitar o abre e fecha; regular a temperatura interna de acordo com o manual de instruções; nunca colocar alimentos quentes dentro da geladeira; deixar espaço para ventilação na parte de trás da geladeira e não utilizá-la para secar roupas; não forrar as prateleiras da geladeira; descongelar a geladeira e verificar as borrachas de vedação regularmente. 

Os consumidores interessados em reduzir o valor da fatura de energia elétrica também deve optar por utilizar iluminação natural ou lâmpadas econômicas; apagar as luzes ao sair de um cômodo; e pintar os ambientes com cores claras. 

O ferro de passar deve ser usado para passar as roupas todas de uma vez; separar as roupas por tipo e começar por aquelas que exigem menor temperatura; e nunca deixar o ferro ligado enquanto faz outra coisa. 

Economia de combustível 

Apesar do aumento do preço dos combustíveis, para muitas pessoas é inimaginável ficar sem carro já que dependem dele para se locomover para o trabalho e outras obrigações e também o utilizam para levar filhos à escola e outras atividades. 

Porém, algumas dicas simples de seguradoras de veículos podem ajudar a diminuir o consumo e fazer com que “o tanque” dure um pouco mais. Uma sugestão, para quem pode obviamente, é evitar sair nos horários de pico, quando são registrados congestionamentos.  

Outra sugestão, não só para economizar combustível, mas também por segurança é manter a manutenção do motor em dia, e fazer periodicamente a troca de filtros de ar, de óleo e de combustível. É recomendado evitar carregar muito peso no carro, pois o excesso faz com que o motor faça mais força para entrar em movimento e consequentemente gaste mais combustível.  

Evite andar com os pneus murchos. Isso também aumenta o consumo do veículo, além de fazer regularmente o alinhamento e balanceamento. Não se recomenda acelerar o carro enquanto espera o sinal de trânsito e quando possível e estiver em movimento, manter uma velocidade constante. 

Custo-benefício 

Considerando o crescente preço do valor da gasolina, uma funcionária pública que preferiu não se identificar comentou à reportagem que, depois de colocar as despesas “na ponta do lápis”, optou por utilizar, em alguns casos, transporte por aplicativo. 

A servidora, que tem 43 anos disse que, aos finais de semana costuma ir com seus filhos a um shopping localizado na parte baixa da capital. Porém, depois de fazer as contas do que gasta com o estacionamento e o consumo do seu veículo, “sai mais barato ir em carro de aplicativo, além de não ter o stress de dirigir. É questão de custo-benefício”, observou. 

 Cada Minuto