Cursinho, aulas de natação, período da faculdade trancado. Rodrigo Henrique, de 26 anos, conseguiu aprovação para o cargo de oficial do Corpo de Bombeiros. Era a realização de um sonho de infância. Depois de aprovado, ele logo adiantou a bateria de exames para as próximas fases. A anulação, para ele, foi “decepcionante”.
“Se foi justo ou injusto isso é relativo. Para mim, que ralei para passar, anular é totalmente injusto e para alguns até revoltante, mas para uma pessoa que não passou e que pode ter perdido a sua vaga por causa de uma pessoa que fraudou, é justo”, afirma.
Rodrigo Henrique conta que como já tinha passado e, no caso do Corpo de Bombeiros as fases estavam prosseguindo normalmente, não acreditava que o certame seria cancelado. “Agora vou voltar à rotina de revisão dos assuntos para que, se Deus permitir, eu esteja entre os aprovados novamente e, dessa vez, chegando até o fim das etapas”, falou.
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“Particularmente eu me sinto tranquilo, sempre que converso com Deus peço para que ele guie meus passos e acredito que se for plano dele que eu realize esse sonho de infância que é ser um Bombeiro Militar, não vai ser esse cancelamento que vai impedir. Claro que vai ser um contexto totalmente diferente, mas me sinto com plenas capacidades de conseguir um resultado ainda melhor nessas provas que virão”, completa o candidato.
Rafaela Omena também foi aprovada em um dos certames da Segurança Pública. Passou para o cargo de soldado da Polícia Militar. Mãe, ela conta que deixou de estar com a filha em vários momentos para poder estudar. “Achei uma injustiça com quem conseguiu a aprovação honestamente, cada um dos aprovados sabe a carga que é estudar para um concurso público”.
“No momento eu tô me sentindo triste, eu estudei demais, me dediquei, abdiquei de muitos momentos, e como eu sempre digo a quem me pergunta, a pior parte desses dias, foram os que eu deixei de estar com a minha filha. Foi um período traumatizante, e saber que vou precisar passar por isso de novo, me deixa angustiada, mas vai ser preciso”, reflete. Ela conta que nunca parou de estudar porque sempre soube que existia a possibilidade de anulação, mas não continuou no mesmo ritmo.
Já a candidata Maira Silva, de 20 anos, diz ter feito 83 pontos na prova para o cargo de agente da Polícia Civil de Alagoas, mas mesmo assim não conseguiu ser aprovada. A anulação tá sendo justa porque foi comprovado que houve fraude, é impossível saber ao certo quem dos aprovados estava no meio dessa 'corrupção', então para que seja justo com pessoas que tiveram suas vagas 'roubadas', o certo está sendo a anulação dos concursos”, avalia.
Maira Silva se diz animada para fazer novamente a prova, mas triste pelas pessoas que mereceram passar. “Me sinto ansiosa e nervosa ao mesmo tempo, é um misto de sentimentos. Não havia parado de estudar depois que veio a reprovação, continuei estudando e agora com certeza estudarei ainda mais em busca da aprovação”.
Isaac Alves, de 22 anos, foi aprovado com 86 pontos no cargo de soldado da PM. Ele conta que a anulação o deixou muito triste. “Fico assim por todos os sacrifícios que fiz durante a minha preparação, mas me sinto confiante para passar novamente e na semana seguinte à prova já tinha voltado a estudar. Estou muito triste por todos nós que passamos na raça, mas não adianta chorar, temos que estudar e passar novamente”, avalia.
O CANCELAMENTO
Por meio de nota, a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio de Alagoas (Seplag) informou que decidiu cancelar as fases já realizadas de três concursos da Segurança Pública, após o resultado da primeira fase da Operação Loki, deflagrada pela Polícia Civil. A investigação constatou a atuação de um esquema nacional criminoso, que estaria agindo contra a lisura não só das provas da PM, mas também de outros dois certames: o da Polícia Civil e o do Corpo de Bombeiros Militar do Estado.
“Dada a extensão da fraude, os resultados preliminares da investigação em andamento deixam clara a impossibilidade da plena identificação de todos os que se beneficiaram com o crime, de forma que impede a exclusão apenas dos envolvidos no esquema”, diz trecho da nota.
Segundo a Seplag, a decisão já foi informada à Justiça e busca assegurar que apenas os candidatos que, de fato, possuam as qualificações necessárias ao ingresso no serviço público sejam os verdadeiros aprovados. Não serão abertas novas inscrições para os certames.