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Em meio à retomada do consumo por causa do avanço da vacinação e de preocupações com a inflação, que vem comendo parte da renda dos brasileiros, a consulta de CPFs de pessoas em busca de crédito disparou em julho, de acordo com dados da Serasa Experian obtidos com exclusividade pelo 6 Minutos.
O mês passado registrou uma alta de 14,3% nessas consultas na comparação com junho e de 22,3% em relação a julho de 2020. Todas as regiões do país registraram alta acima de 10%, mas o destaque foi para o Nordeste, onde o crescimento foi de 17,8%. Por faixa de renda, o maior crescimento alcançou aqueles que ganham até R$ 500 (16,4% de expansão ante o mês retrasado).
“É um crescimento bem expressivo, em especial na comparação com julho do ano passado, já que nessa época a economia já estava com capacidade de recuperação e portanto de procura por crédito”, afirma Luiz Rabi, economista da empresa de análises e informações para decisões de crédito.
Se você é um consumidor em busca de crédito e quer melhorar seu score, saiba que as principais dicas são pagar as contas em dia, sem atraso, e não bater na porta de diferentes bancos ou instituições para pedir dinheiro, pois isso sinaliza uma situação financeira em apuros.
Algumas boas práticas incluem colocar contas de consumo no seu nome, manter um limite mais baixo no cartão de crédito e não comprometer seu salário além do possível (leia mais sobre esse assunto aqui).
Há dois movimentos paralelos em marcha que explicam essa alta nos números da Serasa.
Em primeiro lugar, nos últimos meses houve uma aceleração importante no processo de imunização dos brasileiros, o que deu mais confiança a uma parcela dos consumidores. “A alta da busca pelo crédito de prazo um pouco mais longo, ligado ao consumo e às vendas do varejo, tem a ver com o avanço da imunização no país. Parte da população está se sentindo mais confiante, e por isso busca financiamentos”, aponta Rabi.
Por outro lado, há outro aspecto dessa expansão que não pode ser comemorado: o forte aumento da inflação vem levando famílias de baixa renda a buscar categorias de crédito de curtíssimo prazo e elevadas taxas de juros, como cheque especial ou crédito pessoal.
Outra linha que vem observando crescimento importante é o crédito consignado, que acaba sendo o amparo de muitas famílias que perderam poder de compra. “Muita gente acaba recorrendo ao consignado para tapar buraco”, avalia o economista da Serasa. “É o tipo de financiamento ao qual as pessoas recorrem quando estão com dificuldades financeiras.”
Independentemente das razões, o fato é que os dados apontam para um forte aquecimento da demanda por financiamento no país. Por isso, a expectativa da Serasa é que 2021 termine com uma expansão de 20% nas consultas de CPFs na comparação com o ano passado.
A dúvida que fica é: o aumento na taxa básica de juros, a Selic, que deve encerrar o ano em 7,5%, afetará esse processo no curto prazo? Para Rabi, deve haver uma desaceleração na alta, mas nada muito forte.
“O BC eleva juros para esfriar o consumo e tentar desinflacionar a economia. Em geral, como consequência, o dólar cai, mas o fato é que nem a moeda americana está caindo, nem o crédito está desacelerando”, avalia. “Acredito que o impacto mais forte só vem no ano que vem, já que a vacinação e a retomada do emprego devem dar uma compensada no esforço do BC.”
Ele lembra que, tradicionalmente, o segundo semestre costuma ser mais aquecido que o primeiro. “Sazonalmente é melhor, porque tem as festas de fim de ano, as pessoas acabam buscando mais crédito para consumo e o nível de emprego costuma melhorar, com uma taxa de desemprego relativamente menor.”
