As “fortes preocupações” dos Estados Unidos com a adoção de tecnologias da gigante chinesa Huawei na instalação da infraestrutura do 5G no Brasil foram consideradas ataques “mal-intencionados e infundados” pela Embaixada da China no Brasil. Em um comunicado, a representação diplomática manifestou "forte insatisfação e veemente objeção" ao comportamento americano, que afirma ter por fim "sabotar a parceria sino-brasileira".
"Os ataques dos EUA à segurança da tecnologia 5G e às empresas chinesas são mal-intencionados e infundados. Seu verdadeiro objetivo é difamar a China e cercear as empresas chinesas de alta tecnologia com a finalidade de preservar seus interesses egoístas da supremacia americana e o monopólio na ciência e tecnologia", diz a nota da Embaixada chinesa.
Os comentários divulgados neste sábado são uma resposta à declaração emitida na sexta-feira pelo porta-voz da Embaixada dos EUA no Brasil, Tobias Bradford, sobre a visita de uma equipe encabeçada pelo conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, a Brasília na quinta-feira. Sullivan foi o principal funcionário da Casa Branca a desembarcar em território nacional desde a posse de Joe Biden.
Segundo o comunicado emitido por Bradford, o objetivo da visita foi “discutir os interesses nacionais compartilhados das duas maiores democracias das Américas”. Entre os assuntos pautados, como o GLOBO já havia relatado, estiveram a crise climática — Biden, desde antes mesmo de chegar ao poder, pressiona Brasília por compromissos mais contundentes —e um reforço da mensagem sobre preservação da democracia.
O porta-voz da Embaixada, no entanto, disse também que os EUA “continuam a ter fortes preocupações sobre o papel potencial da Huawei na infraestrutura de telecomunicações do Brasil, bem como em outros países ao redor do mundo”. Foi este trecho que despertou a resposta quase imediata dos chineses, que travam uma disputa com Washington por influência global e regional em meio a tensões militares, espaciais, territoriais e tecnológicas.
Os EUA tentam impedir que a gigante Huawei instale a infraestrutura 5G em diversos países aliados, argumentando que isto facilitará a espionagem chinesa em áreas estratégicas. No caso brasileiro, Washington quer que a empresa fique de fora do leilão para a instalação da rede de telefonia 5G, que deverá ocorrer ainda este ano.