Após a exoneração de Roberto Leonel, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Jair Bolsonarosegue com a alta rotatividade de cargos públicos em seus quase 250 dias na Presidência. Para além da dança das cadeiras na nova Unidade de Inteligência Financeira (UIF), o nome mais recente adicionado à lista de pelo menos 31 demissões - uma a cada oito dias - , de acordo com levantamento do Estado, é o do subsecretário-geral José Paulo Ramos Fachada, o “número 02” da Receita Federal.
Logo nos três primeiros meses de seu governo, Bolsonaro já demitiu três de seus ministros. O primeiro foi o advogado Gustavo Bebbiano, da Secretaria Geral, que foi exonerado com 48 dias de mandato, após se desentender com Carlos Bolsonaroe ter seu nome associado à denúncia de candidaturas de laranjas do PSL durante as eleições 2018. Ele foi substituído pelo general Floriano Peixoto, do Exército Brasileiro.
que deixou o cargo em meio a declarações polêmicas e boicotes. No último dia 13, a Secretaria-Geral voltou a ser palco de mudanças: o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos principais nomes nas Forças Armadas e que já havia assumido a chefia da pasta no lugar de Peixoto, foi exonerado após atrito com a ala olavista do governo.
A demissão de Santos Cruz marcou a terceira dispensa de um militar pelo governo em apenas uma semana. Dois dias antes dele, o general Franklimberg Freitas foi exonerado da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), após menos de cinco meses no cargoe ter sido alvo da pressão de ruralistas. Na sequência, seguiu-se a dispensa do general Juarez de Paula Cunha do comando dos Correios, no último dia 14.
De acordo com o presidente, Cunha foi demitido por “agir como sindicalista” após ter criticado, no Congresso Nacional, o plano de Paulo Guedes para privatizar a estatal e tirado foto com parlamentares do PSOL e do PT. O envolvimento com outros partidos também foi o motivo por trás do pedido de demissão do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy.
Ex-ministro da Fazenda durante o primeiro ano do governo de Dilma Rousseff, ele teria irritado Bolsonaro ao indicar Marcos Barbosa Pinto, ex-assessor do PT, para a diretoria do Mercado de Capitais. Após um comentário do presidente afirmando já estar “por aqui” com Levy, ele pediu demissão do cargo em 16 de julho que deixou o cargo em meio a declarações polêmicas e boicotes. No último dia 13, a Secretaria-Geral voltou a ser palco de mudanças: o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos principais nomes nas Forças Armadas e que já havia assumido a chefia da pasta no lugar de Peixoto, foi exonerado após atrito com a ala olavista do governo.
A demissão de Santos Cruz marcou a terceira dispensa de um militar pelo governo em apenas uma semana. Dois dias antes dele, o general Franklimberg Freitas foi exonerado da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), após menos de cinco meses no cargoe ter sido alvo da pressão de ruralistas. Na sequência, seguiu-se a dispensa do general Juarez de Paula Cunha do comando dos Correios, no último dia 14.
De acordo com o presidente, Cunha foi demitido por “agir como sindicalista” após ter criticado, no Congresso Nacional, o plano de Paulo Guedes para privatizar a estatal e tirado foto com parlamentares do PSOL e do PT. O envolvimento com outros partidos também foi o motivo por trás do pedido de demissão do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy.
Ex-ministro da Fazenda durante o primeiro ano do governo de Dilma Rousseff, ele teria irritado Bolsonaro ao indicar Marcos Barbosa Pinto, ex-assessor do PT, para a diretoria do Mercado de Capitais. Após um comentário do presidente afirmando já estar “por aqui” com Levy, ele pediu demissão do cargo em 16 de julho.
© FABIO MOTTA / ESTADAO Joaquim Levy pediu demissão do BNDES após comentário do presidente afirmando já estar “por aqui” com ele
Mas não são apenas os ex-filiados ao PT que despertam a desconfiança do presidente. No último dia 13, ele pediu a exoneração do Secretária de Imprensa do Planalto, Paulo Fona, após ter descoberto que ele já havia trabalhado com o PSDB, o MDB e o PSB. O agora ex-secretário estava há apenas uma semana na função.
“Começou a circular no WhatsApp que ele trabalhou com Roriz (Joaquim, ex-governador do DF) e essas coisas. E isso chegou lá no presidente, que pediu para exonerar”, afirmou o novo ministro da Secretaria de Governo ao Estado, Luiz Eduardo Ramos.
Além da “despetização” de órgãos oficiais, outro motivo para demissões no governo Bolsonaro tem sido o seu plano de “limpar a imagem do Brasil”. Para isso, o presidente tem atacado órgãos responsáveis por coletar e divulgar dados oficiais sobre o País, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em novembro de 2018, antes de assumir a Presidência, Bolsonaro tentou desacreditar a metodologia do IBGE nas pesquisas sobre desemprego. “O que está aí é uma farsa. (...) Temos que ter uma taxa não de desempregados, e sim de empregados”, afirmou à época. Em abril, ele anunciou um corte de 25% no orçamento do órgão e, menos de um mês depois, exonerou os diretores de Pesquisas e de Informáticas, Cláudio Dutra Crespo e José Santana Beviláqua.
Outro alvo antigo de Bolsonaro é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Multado em R$ 10 mil pelo órgão por pesca ilegal em Angra dos Reis, em 2012, ele teve a irregularidade anulada em 4 de janeiro, logo após sua posse. Ainda assim, isso não impediu o presidente de atacar publicamente, através do Twitter, a gestão do órgão.
Em 7 de janeiro, Suely Araújo, então presidente do Ibama, pediu demissão do órgão, alegando que sua substituição já havia sido “amplamente divulgada na imprensa”. Mas ela não foi a única: em março, José Olímpio Augusto Morelli, o servidor responsável pela multa de Bolsonaro, foi exonerado do cargo.
A discordância em relação à divulgação de dados também motivou a demissão mais recente do governo, a de Ricardo Galvão, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Certas coisas eu não peço, mando”, afirmou Bolsonaro, após ter confirmado que pediu a demissão de Galvão por ele ter liberado informações sobre o aumento do desmatamento da Amazônia em 2019.
Alvo de críticas do presidente desde o ano passado, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também integrava um dos principais planos de reestruturação do atual governo desde sua campanha eleitoral.
Em novembro, Bolsonaro afirmou que fiscalizaria a prova antes de sua aplicação, ao que Maria Inês Fini, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep, órgão responsável pelo exame), respondeu: “O Governo não manda no Enem”.
© Wilson Dias / Agência Brasil Maria Inês Fini foi exonerada do Inep no 14º dia do mandato de Bolsonaro, após ter afirmado em novembro que o presidente "não manda no ENEM"
Maria Inês foi exonerada de seu cargo ainda no 14º dia do governo Bolsonaro. A direção do Inep, desde então, já passou por Marcus Vinícius Rodrigues, ex-professor da FGV que ficou cerca de dois meses no cargo, e Elmer Vicenzi, que permaneceu menos de um mês no órgão.
Os ataques do presidente à cultura também renderam a demissão de Paulo Roberto Senise, ex-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Já suas controvérsias contra a bandeira dos direitos humanos gerou a exoneração simultânea de 11 membros do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.