A escritora francesa Hélène Bruller não sabia que o seu livro Aparelho Sexual e Cia. (Le Guide du Zizi Sexuel, no original em francês) havia se tornado alvo no Brasil de uma verdadeira cruzada promovida por Jair Bolsonaro, candidato à presidência da República pelo PSL. Mas não se pode dizer que ela, que assina obra junto com o suíço Philippe Chappuis (conhecido como Zep), tenha ficado propriamente surpresa: “Grupos extremistas católicos já tentaram proibir o livro e a exposição que foi feita a partir dele. Como sempre, aumentaram o sucesso da obra. Talvez eu devesse agradecê-los... Mas aí já é me pedir demais”, ironiza a autora, em uma entrevista por e-mail com o EL PAÍS. Se os ataques de Bolsonaro à obra são uma espécie de reedição de algo que Bruller já viveu, a afiada ironia que ela usa para se referir às críticas de outros tempos tampouco muda quando ela é questionada sobre as declarações do capitão reformado do Exército brasileiro: “Eu acho que lá no fundo do Bolsonaro existe um pequeno garoto, o petit Jair, que teria adorado se, na sua infância, lhe tivessem dado de presente um exemplar do Aparelho Sexual e Cia", diz.