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28/04/2008 00:00:00

Politíca

Politíca

Texto : Olívia de Cássia

Fonte: Tribuna Independente

 

Na avaliação do ex-governador Manoel Gomes de Barros, o Mano, a Polícia Federal em Alagoas tem cometido “exageros” com relação à Operação Taturana. Em entrevista a Tribuna Independente, Mano observa que neste momento, Alagoas está vivendo um estado policial onde as ações da PF lembram à época da Gestapo, a policia nazista comandada por Adolf Hitler. Para Mano, “as pessoas são acusadas sem o direito de defesa e o estado democrático de direito foi atingido”.

 

“Nós estamos vivendo um estado policial onde faz lembrar a época da Gestapo. Está havendo exageros porque as pessoas acusadas estão sem o direito de defesa”, reclama. Mano afirma que é preciso bom senso e equilíbrio para evitar acusações prévias.

 

O ex-governador chegou a ser preso no primeiro dia da Operação Taturana, acusado de porte ilegal de arma, e revela que se sentiu humilhado com a situação. Mano considera que foi desrespeitado como ex-governador, que teria prerrogativas de ter arma em casa. “Eu fui humilhado, desconsiderado e me senti agredido. As armas que estavam lá em casa eram dos policiais que fazem a minha segurança, foi uma injustiça sem precedentes. Eu fiquei surpreso com a PF na minha casa e a imprensa, às 5 horas da manhã, com uma tenda armada em frente à fazenda (Jurema)”, lembra.

 

Mano questiona ainda como a imprensa nacional já sabia de uma ação sigilosa da PF, que teria sido “agressiva com um cidadão que tanto fez por Alagoas e não merecia um constrangimento daqueles”.

 

Luna comete ingerência ao falar de economia’

 

O ex-governador Manoel Gomes de Barros critica a ação da Policia Federal e aponta “ingerências” do superintendente da PF, José Pinto de Luna, quando este tece comentários sobre a economia do estado. “Estamos assistindo, abismados, a ingerência de um delegado da PF na economia interna do estado: opinando, se metendo e criticando a administração atual. Alagoas é um Estado autônomo e está perdendo quando alguém que não tem nada a ver dá opinião sobre a economia interna” avalia. Mano acrescenta que essa autonomia do Estado “está sendo quebrada e ferida”.

 

‘Fui aconselhado a não combater a gangue fardada’

 

Manoel Gomes de Barros chegou ao Palácio dos Martírios com a renuncia do então governador Divaldo Suruagy, em 17 de julho de 1997, e governou por um ano e seis meses. Nesse período, o governo federal enviou para Alagoas dois coronéis do Exercito para comandar as principais fontes dos sucessivos escândalos: Segurança Pública e Fazenda. De acordo com Mano, ao assumir o governo já tinha conhecimento das ações da gangue fardada, que tinha como líder o coronel Manoel Cavalcante.

 

Mano recorda que foram presos nesse período 89 integrantes da gangue fardada. “Isso acarretou uma serie de problemas para mim, para pessoas do meu comando e do Judiciário”, conta.

 

Segundo o ex-governador, na época em que decidiu atacar o crime organizado, foi aconselhado para que não tomasse atitudes tão fortes pois iria sofrer conseqüências. “As conseqüências aconteceram depois. Eu não fui embora do Estado, mas ainda hoje continuo sofrendo”. Mano garante que não se arrepende da atitude que tomou. “Se eu fosse governador de novo faria à mesma coisa. Não fui buscar gente de fora para trabalhar. Aproveitei gente da terra e o trabalho culminou com a prisão da gangue”, lembra.

 

Para Mano, o trabalho não teve continuidade no governo seguinte. “Se isso tivesse acontecido, estaríamos vivendo em outra situação. Contrariei pessoas importantes e perdi a eleição porque enfrentei toda essa situação”, lamenta.

 

Erros antigos

 

Mano observa que seu filho, deputado Nelito Gomes de Barros (PMN), um dos indiciados na Operação Taturana e um dos integrantes afastados da Mesa Diretora da Assembléia, está na administração da Casa há pouco tempo (desde 2007) e não pode ser responsabilizado por erros cometidos pelas Mesas anteriores. “Meu filho está pagando um preço por ser Membro da Mesa atual e não tem culpa de erros passados”. Mano aponta uma “exposição cinematográfica e exageros” da Polícia Federal e aguarda “a tramitação do processo e o encaminhamento da Justiça para se fazer um juízo de valor a respeito do assunto”.

 

Eleições 2008

 

Cotado como um dos possíveis pré-candidatos à Prefeitura de União dos Palmares, Mano dez não se sentir motivado para assumir a candidatura, porque já ocupou vários outros cargos no Estado. “Fui prefeito de União dos Palmares aos 25 anos de idade, fui deputado estadual por dois mandatos, e não me sinto entusiasmado para isso, mas estou aguardando a posição do meu grupo político”, explicou. Mano diz que o candidato da situação de União será indicado pelo prefeito José Pedrosa m(PTB) e que o atual vice-prefeito Areski Freitas (PTB) “está incluído entre os possíveis candidatos”.