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As superbactérias, que já fizeram oito vítimas fatais em Alagoas desde que foi descoberta sua capacidade de resistência aos antibióticos, em 2011, voltam a alertar os médicos do Estado após o surto de diarreia que atinge, além de Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Paraíba.
Segundo o infectologista Fernando Maia, a Escherichia coli - bactéria que tem causado a diarreia em várias cidades desses estados, de acordo com o Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen) – tem feito muitas vítimas de infecção urinária em Alagoas e estaria adquirindo resistência aos antibióticos.
“Nos últimos tempos a gente tem observado, eu e vários colegas, uma tendência crescente dessa bactéria à resistência aos antibióticos”, disse.
A bactéria já infectou milhares de pessoas no Estado e seu transmissor ainda está sendo estudado pelos órgãos públicos de saúde. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, há dez anos não era registrado um número tão expressivo de ocorrências relacionadas à diarreia.
O infectologista Fernando Maia alerta que o uso indiscriminado de antibióticos por pacientes, sem acompanhamento médico, é a principal fonte de resistência desses micro-organismos.
“Não seguir as recomendações corretas é o que dá a super-resistência a essas bactérias. Quando você toma antibiótico errado, você está selecionando bactéria resistente”, disse o médico.
Por este motivo, após os primeiros registros de surtos e mortes por superbactérias, em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu que os antibióticos só podem ser vendidos através de prescrição médica carbonada, com uma via para a farmácia que vender o medicamento.
“Essa foi uma medida muito acertada para evitar que as pessoas comprem antibióticos indiscriminadamente e tomem sem a indicação correta, pelo tempo incorreto”, explicou o especialista.