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wadson costa
A complexidade do sistema tributário brasileiro está prestes a ser desvendada aos consumidores. Agora, além de sentir o peso dos impostos na hora de pagar por produtos e serviços, os brasileiros terão a oportunidade de compreender quanto de imposto está inserido em cada compra. A medida foi estabelecida pela lei 12.741 que, ao entrar em vigor a partir de segunda-feira (10), obriga as empresas a discriminarem na nota fiscal os valores refentes aos tributos.
O problema é que apesar da boa aceitação da nova lei, os empresários alagoanos não sabem ainda como vão atender a determinação devido à complexidade da operação que é exigida para precisar quanto de imposto o consumidor paga por cada produto.
Eles defendem a transparência no trato com os tributos, mas, preocupados com as exigências impostas, expõem que a medida foi aprovada com imprecisões que prejudicam os comerciantes.
É o que explica o presidente da Federação do Comércio do Estado de Alagoas (Fecomércio), Wilton Malta, ao relatar que o empresariado alagoano tem todo o interesse em atender a determinação, mas que o procedimento não é fácil diante da complexidade do sistema tributário brasileiro.
“A lei é interessante e queremos cumprí-la. Porém, precisaremos de mais tempo porque calcular sete impostos, entre eles de cunho federal, estadual e municipal, de cada produto não é uma tarefa tão simples.
Ainda mais para o setor varejista, que trabalha com muitos produtos diferentes que são tributados com porcentagens distintas. Além disso, também tem o custo logístico. Pois as empresas terão que mudar os softwares das máquinas para inserir as informações dos tributos de foma automática no documento fiscal”, expõe Wilton Malta.
Ao expor que a lei foi aprovada com imprecisões de informações, onde também não foi considerada a dificuldade técnica para que ela entrasse em prática, o presidente da Fecomércio diz que o empresariado ainda busca formas para atender a lei.
“Estamos discutindo há meses para chegar a um consenso para atende a lei da melhor forma. A ideia inicial, até que as máquinas estejam prontas para discriminar os encargos, é expor os valores dos tributos nas prateleiras e vitrines, ao lado do preço”, explica Malta.
Segundo o presidente da Associação de Logistas de um Shopping de Maceió, Alexsandro Geraldo dos Santos, o custo na adequação dos equipamentos para atender a lei de transparência dos impostos é outro fator que preocupa.
“Cerca de 95% dos lojistas do shopping estão inseridos no patamar de Micro e Pequena Empresa. Portanto, qualquer medida diferenciada implica nas receitas. Em um levantamento breve, para cada máquina que precisa ser modificada o custo chega a R$ 5 mil. Isso sem contar o aumento do consumo de bobinas para impressão e os cálculos dos encargos, já que produtos vindos de estados diferentes possuem tributação diferente”, relata ao enfatizar que a lei deverá, além de levar mais informação, colocar o consumidor como aliado diante das cobranças de redução dos valores dos impostos no país.
Modelo para nova nota fiscal elaborado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP)Em Alagoas, até agora, apenas as grandes empresas, de alcance nacional, possuem o valor dos tributos discriminados nos documentos fiscais.
Fiscalização
Responsável pela fiscalização do cumprimento da lei 12.741 em Alagoas, a Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) deverá realizar ações já na próxima semana com atividades educativas junto aos empresários do comércio de Maceió.
Segundo o superintendente do Procon Alagoas, Rodrigo Cunha, a lei deverá ser cumprida de imediato pelos comerciantes porque a medida não é recente.
“Se o empresário não puder, de imediato, apresentar os valores dos impostos na nota fiscal, que faça com panfletos ou placas ao lado do produto. A lei diz que a informação deve ser clara com descrição do valor em dinheiro, na forma como o consumidor paga, e não em porcentagem”, esclarece Cunha.
Quanto à aplicação da medida, o Procon diz que ela trará avanços positivos, por que mudará, a longo prazo, a forma de consumo. “Como não há exposição dos encargos de foram direta, muita gente não sabe que paga imposto ao comprar produtos e serviços. É diferente dos impostos como IPVA, IPTU e o Imposto de Renda, que é cobrado com a ciência do consumidor”, complementa Cunha.
Em uma análise feita por economistas, estima-se que, no Brasil, os impostos compreendem a aproximadamente 35% do valor do produto, podendo ter variações para mais ou para menos. Os produtos que possuem menos impostos são aqueles subsidiados pelo governo federal, e os itens da cesta básica. Já em produtos como bebidas e cigarros, os encargos são cotados em taxação cheias.