tudonahora //
plinio lins
Quase dez anos depois do episódio que causou comoção em Alagoas e no país, será realizado no próximo dia 18, no Fórum do Barro Duro, em Maceió, o julgamento dos acusados de autoria material e intelectual de um crime brutal: o sequestro, tortura e morte do professor Paulo Bandeira, em Satuba, na região metropolitana de Maceió.
Paulo Bandeira foi visto com vida pela última vez no dia 2 de junho de 2003. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado em uma mata na Fazenda Primavera, zona rural do município. Paulo Bandeira havia sido torturado, acorrentado em seu carro – o Gol Branco placa MUO 7763 – e queimado vivo. O crime, pelo grau de crueldade, chocou Alagoas e teve repercussão em todo o Brasil e até no exterior.
Serão julgados no dia 18 (uma segunda-feira) pelo Tribunal do Júri da 8ª Vara Criminal de Maceió, como acusados de executar o crime, os policiais militares Ananias Oliveira Lima e Augusto Santos Silva.
O empresário e ex-prefeito de Satuba, Adalberon de Moraes – na época um dos políticos mais poderosos, ricos e influentes de Alagoas – vai sentar no banco dos réus como acusado de ser o mandante do assassinato do professor.
Paulo Henrique da Costa Bandeira tinha 45 anos (completaria 46 no dia 26 de junho) e era professor de Artes na Escola Municipal Josefa da Silva Costa, em Satuba. Também lecionava Artes, Desenho e Geometria em outros estabelecimentos, como escolas públicas de Maceió e o Colégio Marista. Era uma educador muito querido entre alunos e colegas de profissão. Ele descobriu desmandos e desvios de verbas federais na educação municipal, e decidiu denunciar. Por isto, segundo as investigações apuraram, foi morto.
Vítima deixou dossiê e fita gravada
O próprio Paulo Bandeira produziu as provas que incriminam Adalberon. Dois meses antes de ser assassinado, ele havia deixado, em uma fita gravada e um dossiê de cinco páginas escrito de próprio punho, todas as denúncias de irregularidades e corrupção, principalmente desvio de recursos federais do antigo Fundef, o que levou a investigação para a alçada da Polícia Federal. Também relatou as ameaças que havia recebido do prefeito Adalberon de Moraes.
Duas mulheres inicialmente apontadas como envolvidas no crime – a então diretora da escola, Nancy Pimentel, e a doméstica Maria José dos Santos – eram acusadas de fornecer a localização de Paulo Bandeira para seus assassinos no dia do crime, mas ambas foram impronunciadas pela Justiça e ficaram livres do processo.
Condenado, preso e foragido
Adalberon já tem condenações por desvio de recursos e por falsificação de documentos, quando fugiu de Alagoas e se estabeleceu no interior de São Paulo com carteira de motorista falsa, e lá permaneceu durante anos. Foi recapturado no ano passado e recambiado para Alagoas. Também foi preso pela acusação de mandar matar um assessor.
O júri popular do próximo dia 18 será presidido pelo juiz titular da 8ª Vara Criminal, John Silas da Silva. A acusação estará a cargo da Promotoria Criminal Coletiva do Ministério Público Estadual, que tem promotores como Alfredo Gaspar de Mendonça e José Antônio Malta Marques, entre outros. O advogado Everaldo Patriota, contratado pela família de Paulo Bandeira, atuará como assistente de acusação. Adalberon e os outros dois acusados devem ser defendidos pelo advogado criminalista Welton Roberto.