Depois de toda pompa de inauguração com direito a Ministro, Governador, Prefeitos, Entidades de Direitos Humanos, Autoridades Federais e Estaduais, mas com pouco acesso ao grande público, o Memorial Zumbí dos Palmares, situado na Serra da Barriga no município de União dos Palmares a 75 quilômetros de Maceió, no qual se argumenta foi empregada a “irrisória” quantia de dois milhões de reais, é hoje um símbolo de abandono, falta de incentivo à cultura negra no Brasil e irresponsabilidade no emprego da verbas públicas.
Recentemente, um incêndio irrompeu no pouco que resta da mata que cerca a serra, cujas chamas destruíram cerca de 20 hectares de arvores centenárias e palmeiras (outrora abundantes na região), e que por pouco não atingiu as construções, cujos tetos são de palha e paredes de barro com madeira. Um pesado silencio irrompeu sobre o assunto, aparentemente ignorado pelos responsáveis pela conservação da obra e nenhum dado sobre o fato foi divulgado com a imprensa.
A reportagem de A TRIBUNA, entretanto buscou junto à comunidade que reside nas imediações do parque e algumas pessoas que pediram não fossem revelados seus nomes afirmam que o incêndio foi provocado por um débil mental que reside no “pé da serra”, cuja família é de agricultores, o que além de causar danos ambientais, também trouxe uma grande preocupação, pois se fala que a Serra da Barriga será cercada e seus moradores (alguns com mais de 50 anos no local) serão remanejados para assentamentos para que o parque não ocorram mais casos semelhantes ao ocorrido em dezembro ultimo.
Na Serra da Barriga, ninguém diz nada, ou não sabe. Aliás, apenas dois guardas florestais e um professor de capoeira forma a comunidade administrativa que segundo dizem, é exercida via telefone por entidades em Maceió, Rio de Janeiro e Brasília. Não existe um guia turístico, os “pontos” que ofereciam aos turistas músicas da época da escravatura e informações sobre a história, começam a sofrer desgaste; o mato e a falta de cuidados permanentes indicam em breve deverão ocorrer reparos em tudo que foi feito, o que enseja novo desperdício de dinheiro. O hotel que teria características africanas não foi construído conforme o projeto original.
O que seria atração turística como o restaurante, até hoje não funcionou a exemplo da casa de farinha, do centro de capoeira e artesanato que estão entregues a própria sorte. Seria pior ainda se o prefeito do município José Pedrosa não houvesse determinado a Secretaria de Infra-Estrutura periodicamente uma limpeza nas instalações, que hoje somente oferecem aos visitantes e turistas (que são abandonados, não recebem informações e no inverno não terão acesso por falta de estrada) é o visual do Vale do Mundaú que se estende por toda região.
Não é confirmado, mas comenta-se na cidade que existe uma empresa paulista que a cerca de dois anos venceu uma concorrência a nível nacional, encarregada da manutenção e conservação do parque, mas ninguém no local conhece os funcionários da falada empresa. Nem mesmo os arqueólogos que faziam escavações ultimamente não têm aparecido.
Se o Parque Memorial Zumbí dos Palmares foi construído sob o pretexto de “resgatar a história do primeiro grito de liberdade do Brasil”, esta intenção dorme em berço esplendido, ou morreu no ocaso do século XVI, a exemplo do Quilombo dos Palmares. Vale ressaltar, inclusive, que no município não existe sequer um museu ou um local de referencia sobre a história que encanta a turistas estrangeiros, defensores da igualdade racial e estudiosos das origens do povo brasileiro. Outro aspecto, é que também está em abandono o projeto do interior de Alagoas, particularmente União dos Palmares se tornar um pólo turístico, o que seria a redenção econômica da região e por conseqüência de Alagoas. A Ematur, encarregada de gerenciar e divulgar o turismo no estado também parece ignorar o que somente ganha repercussão nacional a cada ano apenas um dia (20 de novembro).
Da Redação